Folha de S. Paulo


Grupo da Al Qaeda pede trégua e união rebelde para derrotar Assad

O Estado Islâmico do Iraque e do Levante, grupo vinculado à Al Qaeda, deu apoio neste domingo aos rebeldes de outras facções na Síria e pediu o fim dos combates entre si para que ambos se concentrem apenas na derrubada do regime do ditador Bashar al-Assad.

Sediado no Iraque, o Estado Islâmico entrou na Síria sem aval da Al Qaeda, que reconhece a Frente al-Nusra como sua representante no país. Nos últimos meses, têm enfrentado os rebeldes moderados e islamitas pelo domínio de cidades no país, desviando do foco inicial do conflito.

Em uma gravação pela internet, o chefe do grupo radical islâmico sunitas, Abu Bakr al-Bagdadi, disse que o Estado Islâmico "fez tudo o que pôde" para dar fim ao conflito entre os rebeldes e disse que a guerra entre os insurgentes começou "com algumas brigadas assassinas.

"Nós não queremos essa guerra [contra os rebeldes] nem pretendíamos tê-la. Os únicos que veem vantagem nesse conflito são os alauitas e xiitas do regime sírio", afirmou, em referência ao ditador Bashar al-Assad, que é alauita, uma vertente do xiismo.

O pedido de trégua acontece após 20 dias de intensos confrontos no norte sírio pelo controle das Províncias entre o Exército sírio e rebeldes do Exército Livre Sírio e da Frente Islâmica. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, mais de 2.000 pessoas morreram nos combates, dos quais mil islamitas.

CONFERÊNCIA

Neste domingo, foi a vez da Frente Islâmica rejeitar a conferência sobre o conflito na Síria, a ser realizada em Montreux, na Suíça, na próxima quarta (22). O evento terá a participação de representantes do regime sírio e da Coalizão Nacional Síria, grupo político opositor no exílio.

Para um dos líderes do movimento, Abu Omar, o futuro da Síria "deve ser formulado aqui praticando o heroísmo, e assinado com sangue nas linhas de frente, não em conferências ocas, assistidas por pessoas que nem sequer representam a si mesmos".

Além da Frente Islâmica, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante e o Exército Livre Sírio também rejeitaram as negociações, em um sinal de que o conflito poderá continuar mesmo se houver algum acordo no evento, que é apoiado por Estados Unidos e Rússia.


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