Folha de S. Paulo


Estados vizinhos temem que maconha do Colorado ultrapasse divisas

Os Estados que fazem divisa com o Colorado estão atentos para o impacto que a legalização da venda de maconha para fins recreativos no vizinho pode ter em seus territórios.

Em alguns deles, como no Wyoming, a polícia rodoviária estadual começou a reforçar o patrulhamento na fronteira durante os fins de semana desde o dia 1º de janeiro, quando passaram a valer as novas regras no Colorado.

"É ilegal portar qualquer quantidade de maconha, seja a erva já seca ou a planta, no Estado. Não tragam maconha para o Wyoming", diz um comunicado da polícia rodoviária divulgado no início deste ano.

Dos sete Estados que fazem divisa com o Colorado, apenas dois permitem a venda e o uso para fins medicinais –Arizona e Novo México. Em outro, Nebraska, o uso e o porte de até 28 gramas não é considerado "crime" –apesar de prever multa de até US$ 300 (R$ 705).

No restante deles, quem fumar, vender ou plantar a erva pode até pegar prisão perpétua, dependendo da quantidade envolvida, como no caso de Oklahoma (veja o mapa).

Apesar de a fiscalização nas divisas entre Estados ser menos rigorosa que a de fronteiras, a experiência dos próximos meses dos vizinhos do Colorado pode servir para o Brasil, que, em breve, terá na vizinhança o primeiro país no mundo a legalizar o uso e a venda da droga.

Em alguns Estados, as autoridades dizem que não pretendem mudar a sua estratégia de combate à droga, mas preveem um aumento na circulação de maconha.

"Acreditamos que vamos ser 'inundados' [com maconha]. Quando o Colorado legalizou a maconha medicinal, nós vimos aqui um aumento da droga trazida pela fronteira", disse Jeff Stevens, xerife do condado limítrofe de Keith, em Nebraska.

Em Utah, o porta-voz da polícia rodoviária, major Brian Redd, diz estar monitorando as mudanças no Estado vizinho, mas não prevê mudanças no patrulhamento agora. "Nós vamos seguir coibindo o porte e a direção sob o efeito da maconha, como sempre fizemos. Não vamos mudar nossa estratégia", disse Redd à Folha.

No entanto, enquanto os vizinhos observam a mudança e reavaliam sua resposta a um possível aumento no tráfico, as autoridades do Colorado não demonstram preocupação com a saída de maconha do Estado.

"Nós não mudamos o jeito que trabalhamos, nas fronteiras ou em qualquer outro lugar [por causa da legalizaçãoo", disse Josh K. Lewis, porta-voz da polícia rodoviária do Colorado à Folha. "Vamos continuar fazendo o que sempre fizemos: procurar motoristas que coloquem em risco a sua vida e a de outros por meio do consumo de substâncias."

Nos aeroportos, contudo, a tolerância tem sido menor. Para evitar que os passageiros tentem embarcar com a droga, a administração do Aeroporto Internacional de Denver já proibiu a posse de maconha em toda a sua área. Quem for pego portando a erva pode pagar multa de até US$ 999 (R$ 2.350).

A fiscalização para o embarque, por sua vez, é feita por autoridades federais, que prometem descartar qualquer quantidade encontrada em bagagens de mão e malas. As penas, neste caso, podem variar.

"Os funcionários da TSA [órgão federal que regula os transportes nos EUA] vão determinar como proceder se o passageiro estiver tentando transportar maconha: o que pode incluir detenção e apreensão da substância", diz o órgão, em comunicado em seu site.

"Os passageiros devem estar cientes de que, se eles estão viajando para um lugar em que a maconha segue sendo ilegal, eles podem enfrentar consequências mais severas", completa a nota.

Editoria de Arte/Folhapress

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