Folha de S. Paulo


Rússia compara ataques de Volgogrado ao de Boston

Em declaração oficial distribuída nesta segunda, o Ministério das Relações Exteriores russo comparou aos ataques de Boston e da Síria os atentados a bomba ocorridos neste domingo e nesta segunda na cidade de Volgogrado. Juntos, os dois atentados mataram mais de 30 pessoas e paralisaram o sistema de transporte da cidade.

No comunicado, o ministério compara os atentados a ataques ocorridos nos Estados Unidos, Síria e outros países, e pede solidariedade internacional na luta contra os terroristas. "Não vamos recuar e continuaremos nossa luta consistente contra um inimigo insidioso que só pode ser derrotado com a união", diz a nota.

O texto não aponta responsáveis pelos ataques, mas diz que são consequência de ameaças de militantes como Doku Umarov, líder de uma insurgência islâmica no Norte do Cáucaso que convocou militantes a evitar que a Rússia hospede as Olimpíadas de Inverno em fevereiro.

Embora deva ser difícil para os terroristas passar pela forte segurança prevista para as instalações olímpicas, os bombardeios puseram a nu a facilidade de atingir alvos civis no restante da Rússia.

Vladimir Markin, porta-voz da principal agência de investigações da Rússia, disse que as bombas de domingo e de segunda eram semelhantes. "Isto confirma a versão dos investigadores de que os dois ataques estão ligados", disse. "Eles podem ter sido preparados em um só lugar".

Os dois últimos ataques em Volgogrado, segundo analistas, indicam que os militantes podem estar usando o sistema de transportes como uma nova maneira de mostrar seu alcance além de sua região. Há alguns meses, o governo russo passou a exigir a apresentação de documentos de identidade ao comprar passagens de ônibus intermunicipais, como já ocorre para bilhetes aéreos ou ferroviários, mas não há fiscalização.

Volgogrado, antiga Stalingrado, é uma cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, a 690 km de Sochi, onde a partir do dia 7 de fevereiro ocorrem os Jogos Olímpicos de Inverno. A região está próxima ao Norte do Cáucaso, uma faixa de províncias de prevalência muçulmana que sofre violência quase diária por parte de uma antiga insurgência islamita.

A série de atentados alimentou os temores sobre a segurança dos Jogos Olímpicos de Inverno, que acontecerão em fevereiro em Sochi, estação balneária situada ao pé do Cáucaso.

O líder insurgente checheno Doku Umarov, num vídeo postado na internet em julho, instou os militantes a usar "força máxima" para impedir o presidente Vladimir Putin de realizar os jogos, uma ambição política que já o levou a libertar presos políticos e endurecer leis antiterroristas nas últimas semanas.

O ministério do Interior anunciou a intensificação das medidas de segurança em todas as estações e principais aeroportos do país. As autoridades regionais anunciaram o nível elevado de alerta antiterrorista na região de Volgogrado para os próximos 15 dias.

Entre as medidas de segurança, está a proibição da circulação de carros vindos de fora de uma zona de segurança de 100 km ao redor de Sochi, iniciando um mês antes e terminando um mês depois dos jogos. Drones vigiarão as instalações olímpicas e forças especiais patrulharão as montanhas ao redor do local.


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