Folha de S. Paulo


Oposição tailandesa se junta às manifestações contra o governo

O Partido Democrata, de oposição ao governo da Tailândia, anunciou seu apoio aos manifestantes que ocuparam dezenas de ministérios e escritórios estatais no país, informou nesta sexta-feira a imprensa local.

O chefe da oposição, Abhisit Vejjajiva, fez o anúncio ontem à noite depois do fracasso da moção de censura proposta por seu partido no Congresso contra a primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, acusada de não combater a corrupção e de má administração da economia.

"Eles ganharam a votação no Parlamento, mas não podem fugir da responsabilidade por sua tentativa de limpar a barra de criminosos, o que é inaceitável para o público", afirmou Abhisit, segundo o jornal "Bangcoc Post".

A oposição acusa o governo de tentar perdoar os crimes de corrupção de Thaksih Shinawatra, ex-chefe do Estado e irmão de Yingluck, com a lei de anistia que foi rejeitada pelo Senado, e de buscar uma reforma anticonstitucional dessa casa legislativa.

Abhisit também rejeitou a oferta de diálogo feita pela chefe do Executivo aos manifestantes.

"A primeira-ministra não tem o direito de presidir negociações, já que ela é o centro dos problemas. A primeira-ministra deve renunciar para que a sociedade encontre uma solução para o país", declarou o líder da oposição.

Os principais acampamentos dos manifestantes, que fazem parte do "Movimento Civil para a Democracia" e de outros grupos antigovernamentais, se concentram em torno do Monumento da Democracia e no Ministério das Finanças.

Também há concentrações em frente a outros Ministérios e escritórios governamentais em Bangcoc e em outras províncias, principalmente no sul do país, onde o Partido Democrata conta com sua base eleitoral.

O ex-vice-primeiro-ministro Suthep Thaugsuban, líder do "Movimento Civil para a Democracia", se mostrou disposto a morrer e continuar na luta até que o "poder" volte para as mãos do povo.

Suthep, que renunciou recentemente como parlamentar do Partido Democrata, propõe a criação de um conselho extraordinário formado por representantes dos setores sociais e econômicos do país para governar o país interinamente, além de órgãos para garantir o controle das instituições, antes de voltar ao sistema eleitoral.

O ex-deputado democrata garante que seu objetivo é acabar com o "regime de Thaksin", o irmão da primeira-ministra, a quem acusou de comandar o país do exílio e usar Yingluck como um mero fantoche.

Desde 2006, a Tailândia vive uma profunda crise política que cada um ou dois anos desemboca em manifestações de partidários e opositores de Thaksin que provocaram dezenas de mortos e grandes perdas econômicas.

Thaksin, que foi condenado a dois anos de prisão por corrupção e vive no exílio para evitar a detenção, conta com grande apoio nas regiões rurais do nordeste do país, enquanto os seus opositores representam, em sua maioria, a classe média e alta de Bangcoc e a elite próxima do Exército e da monarquia.

O Partido Democrata não vence as eleições gerais desde 1992, enquanto os partidos ligados a Thaksin foram vitoriosos em todas as disputas eleitorais desde 2001.


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