Folha de S. Paulo


Egito pede prisão de ativistas por protestar sem aviso ao governo

A Promotoria do Egito pediu nesta quarta-feira a prisão preventiva dos dois líderes do Movimento 6 de Abril por convocar um protesto sem avisar às autoridades do país. O órgão também pediu que seja prorrogada a detenção de outros 24 ativistas presos no ato, na terça (26).

O pedido é feito após o governo interino lançar no fim de semana uma lei que proíbe as manifestações livres. Todos os protestos devem ser comunicados ao Ministério do Interior com antecedência de três a quinze dias, em documento que deve mencionar o roteiro, as demandas e os dados pessoais dos organizadores.

A medida é mais uma ofensiva contra a Irmandade Muçulmana, grupo político-religioso ao qual pertence o presidente deposto Mohammed Mursi, retirado do poder pelos militares em julho. Desde a sua saída, o grupo convoca protestos contra o governo interino, a quem chama de golpista.

A solicitação de prisão foi feita pelo promotor auxiliar de Qasr al Nil, Amr Auad, contra um dos fundadores do Movimento Juvenil 6 de Abril, Ahmed Maher, e do blogueiro e ativista Alaa Abdel Fatah por infringir a nova lei de manifestações.

Marcelo Ninio/Folhapress
Ahmed Maher, um dos jovens responsáveis pela mobilização que levou à queda do ditador egípcio Hosni Mubarak
Ahmed Maher, um dos jovens responsáveis pela mobilização que levou à queda do ditador egípcio Hosni Mubarak

Do mesmo modo, pediu a manutenção da prisão preventiva de 24 dos 28 presos no protesto da última terça, incluindo sete jornalistas. Todos são acusados de reunião ilegal, agressão e porte de armas brancas, além de desobediência civil.

Outras dez mulheres que estavam no grupo foram libertadas durante a madrugada, mas testemunhas acusam a polícia de soltar as manifestantes no meio do deserto. No ato, o Movimento Juvenil 6 de Abril tentou entrar no prédio da Câmara Alta do Parlamento, mas foi impedido pela polícia.

O grupo é uma das organizações mais influentes da revolta que levou à queda do ditador Hosni Mubarak, em 2011.


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