Folha de S. Paulo


Líderes de partido neonazista serão indiciados na terça na Grécia

A Justiça da Grécia indiciará na próxima terça-feira (1º) os líderes do partido neonazista Aurora Dourada por formação de quadrilha e envolvimento na morte de um rapper opositor. Neste domingo, o último dirigente procurado pela polícia se entregou em Atenas.

Popular figura antifascista e cantor conhecido, Pavlos Fyssas, o Killah P, foi morto a facadas no dia 18. O crime foi assumido por Giorgios Rupakias, militante do Aurora Dourada, que foi visto em diversas fotos com altos dirigentes do partido.

A morte do rapper provocou uma série de protestos violentos nesta semana nos subúrbios de Atenas contra o crescimento da influência dos neonazistas, acusados de estimular a violência contra imigrantes e de liderar um movimento que ataca estrangeiros.

O início do processo judicial foi confirmado neste domingo pela Promotoria. Na noite de sábado, o líder da agremiação, Nikolaos Mikhaloliakos, 13 dirigentes e dois policiais foram transferidos da sede da polícia de Atenas ao tribunal onde serão imputados.

Segundo a imprensa grega, os neonazistas se negaram a responder as perguntas dos promotores e pediram mais uns dias para estudar a imputação, que só deverá acontecer na terça. As prisões aconteceram após a Justiça emitir 32 ordens de detenção, das quais 20 foram cumpridas.

Neste domingo, um dos deputados do partido, Christos Pappas, se entregou na sede da polícia em Atenas, onde militantes do Aurora Dourada protestam desde sábado. Ao entrar no prédio, criticou o que chamou de perseguição ao partido e gritou palavras de ordem.

"Não tenho nada o que esconder, nada a temer. A governo de ocupação das ideias do resgate [econômico europeu à Grécia] começou uma perseguição política sem precedentes, usando a Justiça que se proclama independente. O nacionalismo vai prevalecer! O Aurora Dourada vai sobreviver!".

PRESOS

Além de Pappas, outros sete deputados foram presos, incluindo o líder do Partido no Parlamento, Ilias Kassidiaris, deputado mesmo sendo réu em um processo criminal por homicídio. Durante a campanha eleitoral de 2012, ele deu tapas na cara de duas deputadas adversárias em um debate ao vivo na televisão.

Em resposta à prisão, centenas de aliados do partido protestaram do lado de fora da sede da polícia, com bandeiras gregas e pedindo a saída dos líderes. A agremiação considerou a prisão uma violação da lei grega e prometeu continuar na luta por seus ideais.

"O Aurora Dourada tem uma influência acima de 20% e isso provocou o pânico do sistema político corrupto", afirmou o deputado Artemios Matzeopulos. "As ideias não podem ser presas, seguiremos lutando por elas e não vamos voltar atrás".

O partido neonazista obteve 6,9% dos votos nas últimas eleições --o que propiciou sua entrada no Parlamento com 18 deputados-- e atualmente as enquetes o situam como a terceira formação com mais intenções de voto no país, com entre 7% e 15%.

O primeiro-ministro grego, Antonis Samaras, descartou convocar novas eleições e a proibição do partido. Ele teme que a agremiação se torne mais popular no país, que precisa aprovar novas medidas de austeridade contra a crise provocada pelo aumento da dívida pública.


Endereço da página:

Links no texto: