O médico cubano Antonio Castro, filho de Fidel Castro, foi hostilizado nesta sexta durante uma entrevista coletiva em Buenos Aires. Vice-presidente da Federação Internacional de Beisebol e Softbol, Castro está na capital argentina para defender a entrada do beisebol na Olimpíada de 2020, no congresso do COI (Comitê Olímpico Internacional) que tem início neste sábado.
Um dos jornalistas que estavam no evento perguntou como a presença do filho de um "ex-ditador" de "um país repressivo" pode ajudar o beisebol na disputa com luta livre e squash à uma vaga nas Olimpíadas. Castro ficou em silêncio.
O vice-presidente da Federação de Beisebol, o americano Don Porter, respondeu que Castro é uma pessoa envolvida com o esporte há muitos anos. E corrigiu o entrevistador: "E o senhor Castro [Fidel] não foi um ditador, mas sim o presidente do país [Cuba]".
Na saída do evento no hotel Hilton, em Puerto Madero, Antonio Castro falou à Folha sobre o episódio. "Há um ditado espanhol que diz: Para palavras ignorantes, ouvidos surdos. Essa é minha resposta. Não me sinto mal, sei o que estou fazendo aqui. Estamos tribalhando por um esporte, coloco toda a minha energia nesse projeto", afirmou.
"O esporte é uma das poucas coisas que sobram ao ser humano para nos unir, para compartilhar os mesmos sentimentos. Digo que todo ser humano deveria ter a possibilidade de participar de uma Olimpíada. Sou médico, cirurgião ortopédico, e tive a possibilidade de participar de quatro Jogos com a delegação cubana. É algo maravilhoso."
Castro não quis responder a perguntas sobre Fidel, só confirmou que a saúde dele vai bem. Questionado sobre a ida de seus colegas cubanos para o Brasil, no programa Mais Médicos, desconversou: "Estou aqui para falar sobre esporte. Estamos no meio de um encontro do Comitê Olímpico. Falar sobre isso seria o mesmo que falar da morte dos pinguins por causa do aquecimento global."