Folha de S. Paulo


Após atentado que matou 22, Hizbullah diz que derrotará terroristas

O ministro de Agricultura do Líbano e membro do Hizbullah, Hussein Hach Hassan, disse nesta sexta-feira que o atentado que atingiu ontem um dos bastiões do grupo radical em Beirute não mudará o modo de operação do grupo. Segundo o Ministério do Interior, 22 pessoas morreram e 228 ficaram feridas.

O atentado foi reivindicado por um vídeo na internet de um grupo chamado Brigadas de Aisha. A entidade, até então desconhecida, diz que é aliada dos rebeldes sírios e pede que os libaneses fiquem longe das regiões controladas pelo Hizbullah.

Em visita ao bairro de Rweiss, onde ocorreu a explosão, Hassan afirmou que o grupo radical derrotará o grupo que cometeu o atentado, independente de quem seja. "A resposta é que não afetará ou alterará as convicções dos residentes dessa região ou da Resistência [como se refere ao Hizbullah]".

Nesta sexta-feira, o Ministério do Interior revisou o número de mortos para 22 e de feridos para 228. O titular da pasta, Marwan Charbel, afirmou que integrantes do governo fazem testes de DNA em partes de corpos recuperadas após o ataque.

A área atingida fica perto do complexo Sayyed al-Shuhadaa, onde o líder religioso da entidade, Hassan Nasrallah, discursa a seus seguidores. Em vídeo, o grupo que reivindicou o atentado disse que era o segundo aviso ao chefe do grupo radical.

O representante das brigadas não menciona qual foi o primeiro, mas a suspeita é que o grupo também seja responsável por outro atentado ocorrido na região em 9 de julho, que deixou 53 feridos. Na quinta (15), o presidente libanês, Michael Suleiman, disse que o atentado "tem as marcas de Israel".

A explosão ocorreu perto do aniversário de sete anos do fim da guerra com o Estado judaico, em 2006. Em resposta, o presidente israelense, Shimon Peres, disse estar surpreso com as acusações e se perguntou por que Beirute aponta Israel como responsável se o Hizbullah apoia o regime sírio.

TENSÃO SECTÁRIA

A tensão sectária no Líbano aumentou nos últimos meses devido ao acirramento da crise na vizinha Síria. Em maio, o Hizbullah enviou milhares de combatentes ao país vizinho para ajudar o regime de Bashar al-Assad a recuperar parte do território do país perdido para os rebeldes, de maioria sunita.

A presença do grupo radical provocou ameaças dos opositores sírios e dos sunitas libaneses, que também se mostraram contra a operação. Na ocasião, Nasrallah voltou a dar apoio a Assad e afirmou que seu grupo continuará a combater na Síria até que Damasco retome o controle do país.

Em outubro do ano passado, uma outra explosão matou o dirigente sunita Wissam al Hassan, que apoiava os rebeldes sírios. Em maio, um bairro xiita de Beirute foi alvo de um ataque com um foguete militar, sem deixar feridos.

A preocupação é que o conflito na Síria leve o Líbano a uma nova guerra civil, como a terminada em 1990. Os confrontos causados pela tensão no país vizinho começaram no norte libanês, mas avançam por outras áreas do país, como a cidade de Sidon e alguns bairros da capital Beirute.


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