Folha de S. Paulo


Maquinista conversava com inspetor antes de acidente na Espanha

O maquinista do trem que descarrilou em Santiago de Compostela, na Espanha, no dia 24 conversava com o inspetor de bilhetes da composição no telefonema que o fez se distrair pouco antes do acidente, que deixou 79 mortos e 130 feridos.

Francisco José Garzón Amo, 52, é acusado de homicídio culposo por negligência e foi liberado no domingo (28), após prestar depoimento. Na gravação da caixa-preta do acidente, ele aparece conversando com outra pessoa pouco antes do descarrilamento.

Maquinista diz não saber que aconteceu em acidente de trem na Espanha

A transcrição da conversa de Garzón tinha dado a entender que o maquinista falava com um controlador da companhia ferroviária pois ele recebia indicações do percurso. No entanto, o maquinista afirmou nesta quarta que estava conversando com o fiscal, que estava em um dos vagões do trem.

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Em entrevista ao jornal "El País", Antonio Martín Marugán reconheceu que telefonou ao maquinista para pedir que entrasse em uma via mais próxima à plataforma na estação de Pontedeume, a 81 km de Santiago de Compostela, para ajudar uma família de passageiros com crianças.

Marugán viajava na segunda fileira do vagão 3, junto com o segurança do trem. No primeiro depoimento, o fiscal não comentou sobre o telefonema. Segundo fontes da investigação, ele omitiu o dado para tentar proteger o maquinista, que era seu amigo.

Segundo a legislação interna da Renfe, o contato entre fiscal e maquinista só deveria ser feito em caso de emergência e o guia de boas práticas desaconselha conversas em pontos críticos, exceto em situações de emergência.

De acordo com os dados da caixa-preta, instantes antes do acidente o trem circulava a 192 km/h, e após a ativação de um freio por parte do maquinista saiu da linha a 163 km/h. O limite de velocidade no local é de 80 km/h.


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