Folha de S. Paulo


Israel ordena interrupção da cooperação com representantes da UE na Cisjordânia

Moshe Ya'alon, ministro da Defesa de Israel, ordenou a interrupção da cooperação com representantes da União Europeia na Cisjordânia e na faixa de Gaza, em represália à recente decisão europeia de excluir os assentamentos israelenses de futuros acordos com o bloco.

Na pratica, a medida irá afetar projetos de infraestrutura na "área C" --60% território na Cisjordânia sob o controle civil e militar israelense, segundo as divisões estipuladas pelo Acordo de Oslo, de 1993. Também está previsto que a Defesa israelense dificulte a passagem de diplomatas da União Europeia na fronteira com a faixa de Gaza.

De acordo com o jornal israelense "Haaretz", após ouvir membros do governo israelense, as recomendações de Ya'alon são válidas às atividades do bloco europeu nos territórios, porém não limitam os procedimentos de Estados membros da União Europeia em si.

Já era previsto que Israel revidasse as medidas europeias. As regras, publicadas no dia 19, estipulam que os acordos do bloco deverão registrar em contrato, a partir de 2014, que a Cisjordânia e Jerusalém Oriental não são territórios israelenses. Assim, assentamentos judaicos não poderão receber financiamento e seus moradores não estarão aptos a concorrer bolsas de estudo, entre outras consequências.

As diretrizes europeias são coerentes com a posição do bloco em relação aos assentamentos, considerados por legislação internacional como um território ilegalmente ocupado. A medida foi vista, também, como pressão para que o governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se comprometa seriamente com as negociações de paz, cuja retomada deve ocorrer nesta terça-feira (30).

PAZ

Yuval Steinitz, ministro de Inteligência e Assuntos Estratégicos de Israel, afirmou hoje ao "Daily Telegraph" que o governo israelense está disposto a fazer "sérias concessões territoriais" para um possível acordo com a Autoridade Nacional Palestina. Segundo o diário, o ministro disse também que um Estado palestino desmilitarizado é a única solução para o impasse.

É esperado que, nesta terça-feira, Tzipi Livni (ministra da Justiça de Israel) e Saeb Erekat (negociador palestino) se reúnam em Washington para dar início às negociações de paz, interrompidas desde 2010. Deve ser discutido, inicialmente, o cronograma das conversas, que estão previstas para durar a princípio nove meses, de acordo com a mídia local.

Segundo Steinitz, palestinos terão de, em troca das concessões territoriais israelenses, reconhecer "a existência em si de um povo judeu e de um Estado judaico". Esse ponto é especialmente problemático pelo ponto de vista diplomático, uma vez que irá afetar o direito de retorno das massas de refugiados palestinos ao território israelense.


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