Folha de S. Paulo


Testemunhas relatam cenas pavorosas após acidente na Espanha

Testemunhas descreveram nesta quinta-feira cenas horripilantes após o descarrilamento de um trem em Santiago de Compostela, um dos piores acidentes ferroviários da história europeia, ocorrido na noite anterior em um acesso à cidade.

A tragédia causou a morte de 80 pessoas e deixou outras 130 feridas. A imprensa espanhola disse que a composição viajava a 190 km/h, o dobro da velocidade permitida na curva em que houve o descarrilamento, que é de 80 km/h.

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"Meu Deus, meu Deus, que horrível!", lamentou o morador Isidoro Castano ao registrar a cena imediatamente depois do acidente, em um vídeo divulgado no site do jornal "El País".

Castano, morador do bairro de Angrois, na periferia de Santiago, foi uma das primeiras pessoas a chegar ao local, onde os corpos estavam espalhados ao longo dos trilhos, enquanto chamas e fumaça saíam dos vagões.

"Fiquei falando com eles para não dormirem, para que não morressem. Foi um inferno", relatou ele ao jornal.

"A cena era chocante, dantesca", disse o presidente da região da Galícia, Alberto Núñez Feijoo, onde fica Santiago.

O acidente ocorreu na véspera da importante festa em homenagem a são Tiago, um dos 12 apóstolos de Cristo, cujos restos supostamente se encontram na catedral local. Devido a isso e à histórica trilha que fica na região, a cidade é destino de peregrinos católicos do mundo todo.

O impacto foi tão violento que parte do trem voou sobre um muro alto e caiu em uma área que seria usada na festividade. Todos os eventos programados para comemorar a data, que seriam na noite desta quinta, foram cancelados.

A funcionária hospitalar Ana Taboada, 29, que mora em frente à linha férrea, também chegou logo ao local.

"Quando a poeira assentou vi corpos. Não consegui chegar aos trilhos, porque estava ajudando os passageiros que chegavam à borda da ferrovia. Vi um homem tentando quebrar uma janela com uma pedra para ajudar os que estavam dentro a sair."

As autoridades disseram que já abandonaram a busca por sobreviventes nos destroços, mas nem todos os passageiros foram localizados. "A pior coisa é a incerteza, estou desesperado", disse Tomas López, que procurava a mulher e dois filhos no Hospital Universitário de Santiago.

"Minha filha está bem, mas não sei onde estão minha mulher e meu filho. Minha mulher os trazia de Madri para ver museus, essas coisas. Passei a noite toda procurando por eles de um lado para outro", disse ele, com lágrimas no rosto.

Danilo Bandeira/Editoria de Arte/Folhapress

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