Folha de S. Paulo


Negociações entre israelenses e palestinos devem ser retomadas na próxima semana

As negociações de paz entre israelenses e palestinos devem ser retomadas a partir de terça-feira (30) em Washington, de acordo com Silvan Shalom, ministro de Energia de Israel, ouvido por jornalistas nesta quinta em Jericó, na Cisjordânia.

O anúncio ainda não é oficial, mas foi confirmado pelo jornal israelense "Haaretz" com fontes israelenses. À Folha, um funcionário de alto escalão no governo pediu cautela e afirmou que, por ora, o gabinete do premiê Binyamin Netanyahu tem "esperança" de que as negociações comecem na semana que vem.

A Autoridade Nacional Palestina, procurada pela reportagem, também insistiu em que a data continua em aberto. "Essa é a expectativa israelense, apenas", disse um porta-voz do gabinete do presidente palestino Mahmoud Abbas.

De acordo com o "Haaretz", ficou acordado que as conversas entre israelenses e palestinos serão retomadas na terça-feira, após uma série de telefonemas. As conversas de paz, tendo em vista a criação de um Estado palestino, estão interrompidas desde 2010.

Caso confirmada, a notícia será símbolo da primeira vitória diplomática de John Kerry, secretário de Estado americano, desde que tomou a si a tarefa de negociar a paz no Oriente Médio. Ele esteve seis vezes na região após a visita de Barack Obama, presidente dos EUA, em março deste ano. Na semana passada, durante passagem pela Jordânia, Kerry anunciou ter estabelecido as bases para futuras negociações.

É esperado que Tzipi Livni, ministra da Justiça de Israel, e Saeb Erekat, negociador palestino, voem até a capital americana para acertar os detalhes do cronograma. As conversas de paz devem durar, de acordo com a mídia israelense, por um período de nove meses.

Também está previsto que, neste domingo (28), o governo israelense liberte 82 prisioneiros palestinos detidos antes dos Acordos de Oslo, de 1993 --uma demanda histórica da liderança palestina. Na mesma data, o gabinete de Netanyahu deve aprovar legislação que exija o voto em referendo nacional para qualquer acordo estabelecido com os palestinos.

Segundo o jornal "Jerusalem Post", um rascunho da lei foi distribuído a ministros hoje. Há pressa para aprovar a medida desde que Naftali Bennet, ministro da Economia, afirmou que seu partido, Bayit Yehudi, não apoiará o Orçamento governamental --a ser votado na segunda-feira (29)-- se não houver progresso na lei para o referendo.

Mais importante do que a soltura dos prisioneiros, porém, é definir sob quais fronteiras serão feitas as negociações. Enquanto palestinos exigem que as conversas incluam o prospecto do território anterior à Guerra dos Seis Dias, de 1967, israelenses relutam em assumir tal compromisso publicamente.


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