Uma perícia criminal preliminar concluiu, neste sábado, que estava contaminada com pesticida a refeição que levou à morte 23 crianças em uma escola do Estado indiano de Bihar.
Testemunhas relataram que as crianças começaram a passar mal minutos depois de comer um prato de arroz com batatas ao curry. Elas vomitavam, convulsionavam e sentiam cólicas no estômago.
Conforme o relatório, a comida foi preparada com um óleo de cozinha que continha uma substância utilizada como pesticida na agricultura. O óleo, diz a polícia, havia sido armazenado em um contêiner antes utilizado para armazenar pesticida.
Tanto a diretora da escola quanto o marido dela estão desaparecidos. Ela teria forçado as crianças a comer mesmo depois de elas terem se queixado do gosto estranho da refeição, e ele seria o proprietário do armazém de onde os ingredientes para o almoço foram comprados.
O programa de almoço escolar indiano é um dos maiores do mundo, atendendo a mais de 120 milhões de crianças. Os preços da carne, frutas e verduras frescas dispararam nos últimos anos, o que leva os pais mais pobres a depender da merenda escolar para garantir a nutrição adequada de seus filhos. Mas o programa sofre com a corrupção e o desperdício. Incidentes de envenenamento são comuns, ainda que raramente graves a esse ponto.
De acordo com o Banco Mundial, 43% das crianças indianas sofrem de desnutrição, o nível mais elevado do mundo e número que não se altera há pelo menos 20 anos. Na China, esse indicador é de apenas 7%, e nos países da África subsaariana ele é de em média 28%. A má nutrição das gestantes e das mães lactantes significa agravamento dos efeitos da má nutrição pós-natal das crianças.
O governo indiano, liderado pelo Partido do Congresso, está pressionando por uma maciça expansão de 14 bilhões de libras no programa de subsídios à alimentação do país. O partido, que controla os governos de apenas metade dos 28 Estados indianos, venceu as duas últimas eleições gerais depois de introduzir medidas populistas como um programa de criação de empregos rurais e um programa de 8,3 bilhões de libras para perdoar dívidas de agricultores.