Folha de S. Paulo


Jornal sul-africano diz que é hora de Mandela 'descansar'

No segundo dia de internação do ex-presidente Nelson Mandela, 94, os jornais da África do Sul destacam neste domingo a preocupação do país com a saúde do líder negro. Um deles disse, inclusive, que se aproximava a "hora de descansar", em referência à morte.

O sul-africano foi internado na madrugada de sábado após complicações causadas por uma infecção pulmonar recorrente, que o fez ser internado em três ocasiões desde outubro. Ainda não há informações atualizadas sobre o estado de saúde de Mandela, que no sábado (8) era "grave, mas estável".

O "Sunday Times" publicou, em sua capa, a frase "É hora de deixá-lo partir", com uma foto sorridente de Mandela. Em entrevista, um dos amigos do líder negro, Andrew Mlangeni, disse que é preciso deixar que Deus atue.

"Diremos 'obrigado, Deus, nos deu este homem' e também o deixaremos partir", completou Mlangeni.

No Twitter, a opinião dos sul-africanos é parecida. "Temos que rezar para que Tata Madiba fique bem ou para que Deus o libere de seus sofrimentos? Acredito que é o momento para que o deixemos partir", escreveu o usuário @_Porchez.

Tata (pai) e Madiba (o nome de seu clã) são duas maneiras respeitosas e carinhosas de fazer referência a Mandela na África do Sul. O jornal "City Press" destaca o pedido do presidente Jacob Zuma de orações pela saúde do líder negro, enquanto o popular "Sunday Sun" diz que "Mandela luta pela vida".

INTERNAÇÕES

O líder negro teve mais uma infecção pulmonar em 2011 e frequentemente é internado com problemas respiratórios causados por uma tuberculose que sofreu quando estava preso na ilha de Robben Island, perto da Cidade do Cabo, onde passou 18 dos 27 anos de detenção durante o regime do Apartheid.

As últimas duas foram em novembro, quando passou duas semanas no hospital, e em março, durante um período de dez dias. Em abril, a Presidência sul-africana divulgou fotos em que mostravam Mandela bastante frágil por causa da doença.

Principal figura da luta contra a discriminação racial, ele foi solto em 1990 e em 1993 recebeu, ao lado do último presidente do regime do apartheid, Frederik de Klerk, o Prêmio Nobel da Paz por seu papel nas negociações para instaurar uma democracia multirracial na África do Sul.

Um ano depois, foi eleito para um mandato de cinco anos como presidente da África do Sul, sendo o primeiro mandatário negro.

Desde 2010, quando foi visto durante a última Copa do Mundo de futebol, está afastado da vida pública por problemas de saúde e é atendido por uma equipe médica em suas casas de Johannesburgo e Qunu, a aldeia onde passou a infância.


Endereço da página:

Links no texto: