Folha de S. Paulo


Facebook nunca colaborou com sistema de espionagem, diz Zuckerberg

O fundador e presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, negou nesta sexta-feira que a rede social soubesse de alguma transferência de dados de seus usuários ao governo americano. Numa postagem, Zuckerberg disse que tais insinuações, por parte da mídia, são "ultrajantes".

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O Facebook foi citado ao lado do Google, da Microsoft e da Apple, em textos do jornal britânico "Guardian" e do americano "Washington Post" como uma empresa que entregava dados ao governo americano com frequência dentro de um programa de espionagem de civis que foi revelado na quinta-feira (6), graças a uma reportagem do "Guardian".

O governo de Barack Obama já admitiu que espiona dados de internet e telefonemas de civis sob a justificativa de combater o terrorismo. O monitoramento é realizado por meio de um programa chamado de Prism (prisma, em inglês), que autoriza a interceptação de dados como histórico, conteúdo de e-mails, conversas on-line, vídeos e transferências de arquivos, além de telefonemas.

"O Facebook não é nem nunca foi parte de nenhum programa para dar aos EUA ou a qualquer governo acesso direto aos nossos servidores. Nós nunca recebemos um pedido abrangente ou uma ordem judicial de qualquer agência do governo, pedindo informações ou metadados no atacado, como a que a Verizon diz ter recebido. E, se recebêssemos, nós lutaríamos agressivamente."

Zuckerberg afirma, na nota, que "nunca tinha ouvido falar" do Prism até ontem.

Segundo o empresário, todo pedido que chega à empresa é "revisado com cuidado", e são providas apenas as informações requisitadas pela lei. "Nós encorajamos fortemente todos os governos a serem mais transparentes sobre todos os programas que visam manter o público a salvo. É a única forma de proteger as liberdades civis de todos e de criar a sociedade segura e livre que todos queremos, a longo prazo."

PRISM

O novo programa foi explicado em uma apresentação confidencial entregue a agentes de inteligência. Através dele, os funcionários podem acessar os registros de usuários de todo o mundo em sistemas que operem sob a base legal dos EUA, sem a necessidade de autorização judicial.

A primeira firma a ser inspecionada foi a Microsoft, em 2007, seguida pelos sistemas do Yahoo (2008), Google e Facebook (2009). O site YouTube entrou na lista em 2010 e a Apple, em 2012.

Os jornais dizem que o próximo sistema a ser interceptado será o Dropbox, de compartilhamento de arquivos.

Quando a NSA encontra uma comunicação considerada suspeita, ela é separada e registrada como "informe". Segundo o relatório da agência, mais de 2.000 informes são acumulados por mês. Desde que o programa entrou em vigor, em 2007, foram emitidos cerca de 77 mil informes.

As empresas de internet que teriam sido violadas negam conhecimento sobre o Prism e dizem que os dados só são obtidos pelo governo americano por petição judicial. Google, Apple e o Facebook afirmaram que as ordens judiciais são entregues após avaliação criteriosa das ordens judiciais.

A interceptação de informações faz parte do chamado Código Patriótico (Patriot Act, em inglês), aprovado em 2001 durante o governo de George W. Bush. O documento inclui uma série de medidas para evitar o avanço de terroristas no país e é uma resposta aos atentados de 11 de setembro.


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