Folha de S. Paulo


Funcionários se dizem aliviados com retirada do cônsul do Brasil em Sydney

A decisão do Itamaraty de remover o diplomata Américo Fontenelle do cargo de cônsul-geral do Brasil em Sydney trouxe alívio para os funcionários do consulado que o acusam de assédio sexual e moral.

A remoção de Fontenelle foi confirmada ontem por meio de portaria assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota.

As denúncias de assédio atingem também o cônsul-adjunto, Cesar Cidade, e serão investigadas em processo administrativo disciplinar instaurado pelo Itamaraty. Cidade pediu remoção do posto em abril e também deverá retornar à Brasília.

A Folha não conseguiu contato com eles.

Autora da primeira denúncia contra os diplomatas, a funcionária Viviane Hottum Jones se disse "animada" para voltar ao trabalho. Ela está em licença médica desde que fez a acusação, em 24 de janeiro.

Jones conta que o clima de trabalho dentro do posto consular era péssimo, com uso de piadas de cunho sexual e expressões desrespeitosas por parte de Fontenelle e Cidade. Ela diz ainda que, em um ataque de raiva, o cônsul-adjunto chegou a jogar uma caneca contra a parede.

O servidor Luis Neves, autor da segunda denúncia, feita em primeiro de fevereiro, diz esperar que a "justiça seja feita", com a apuração dos fatos e a punição do cônsul e do cônsul-adjunto.

Tanto Jones quanto Neves são servidores contratados do consulado e poderiam ter sido demitidos pelos superiores sobre os quais pesam as denúncias. Jones diz que ainda tem medo de retaliações e afirmou estar ansiosa para que as investigações tenham início.

Segundo o Itamaraty, três embaixadores devem viajar a Sydney para analisar as denúncias, que podem resultar na exoneração dos diplomatas do ministério. Esse processo tem prazo de dois meses, prorrogáveis por mais 60 dias.

Fontenelle estava no cargo desde 2010 e, segundo servidores, foi alvo de denúncias semelhantes quando era cônsul-geral em Toronto, no Canadá, em 2007.


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