Folha de S. Paulo


Filho de ex-primeiro-ministro é sequestrado no leste do Paquistão

O candidato a deputado no Paquistão Ali Haider Gilani foi sequestrado nesta quinta-feira após um ataque contra um comício na cidade de Multan, no leste do país. Ele é filho do ex-primeiro-ministro Yousuf Raza Gilani, que governou o país entre 2008 e 2012.

Centenas de partidários do candidato estavam em frente a um prédio da cidade quando homens armados chegaram em um carro e uma moto. Dois dos criminosos começaram a disparar contra a comitiva de Gilani quando o filho do ex-chefe de governo saiu do prédio onde se preparava para fazer um discurso.

Segundo integrantes da polícia, os homens mataram um segurança do político e deixaram outros cinco feridos. Durante a troca de tiros com os seguranças, os criminosos capturaram Gilani, colocaram-no dentro de um carro e saíram do local do comício.

Ainda não se sabe quem coordenou o ataque. Os agentes afirmam que o objetivo dos criminosos era matar o ex-chefe de governo, que acompanhava o filho no comício. A informação sobre o sequestro ainda não foi confirmada pelo governo paquistanês.

Filho mais novo de Yousuf Raza Gilani, Ali Haider é candidato a deputado pelo distrito de Multan, que fica na Província de Punjab, no leste do país. Ele pertence ao Partido Popular, agremiação laica que é uma das principais forças políticas do Paquistão.

O partido está na lista de alvos declarados do grupo armado Taleban, que deseja instaurar um Estado islâmico radical no noroeste paquistanês. Os insurgentes reivindicaram uma série de ataques a comícios durante a campanha para esta eleição que, desde o fim de março, deixaram mais de cem mortos.

AMEAÇA

Mais cedo, o líder do Taleban paquistanês, Hakimullah Mehsud, ameaçou em declaração divulgada pelo grupo fazer uma série de atentados suicidas durante a eleição, como uma forma de diminuir a importância do pleito e causar maior abstenção.

"Nós não aceitaremos esse sistema de infiéis que é chamado democracia", afirmou em carta, com data de 1º de maio, que foi publicada nesta quinta pela agência de notícias Reuters.

O Taleban tem atacado praticamente todos os partidos políticos paquistaneses, em ações que se concentram especialmente no noroeste do país, onde tribos ligadas ao grupo disputam como o governo o controle da região. O principal alvo são os partidos laicos, ou seculares, que são considerados infiéis.

As ações, no entanto, não atingiram as campanhas dos dois candidatos favoritos a este pleito, o ex-premiê Nawaz Sharif, da Liga Muçulmana do Paquistão, e o ex-jogador de críquete Imram Khan, do também opositor Therik Insaf.

Nesta quinta, o governo paquistanês confirmou que colocará milhares de militares para tentar garantir a segurança do pleito. Caso o processo eleitoral siga o roteiro planejado pela administração central, esta será a primeira vez em que um governo democrático entregará o controle do país para outros candidatos eleitos.

Desde sua independência, em 1947, o país tem alternado governos democráticos com golpes de Estado e ditaduras militares. O último governo, eleito em 2008, substituiu o regime do ex-presidente Pervez Musharraf, que ficou sete anos no poder.


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