Folha de S. Paulo


México e Brasil diferem em posição sobre o comércio

Foi dada a largada da corrida. Será escolhido em maio o primeiro diretor latino-americano da OMC: ou Herminio Blanco, do México, ou Roberto Azevêdo, do Brasil.

Geograficamente próximos, os dois países diferem em suas posições em relação ao comércio. Azevêdo, embaixador brasileiro na OMC desde 2008 e negociador chefe do Brasil na Rodada Doha de negociações, é tido em alta conta. Mas sua candidatura pode ser prejudicada pela postura relativamente protecionista do Brasil.

Já Herminio Blanco, doutor pela Universidade de Chicago, é um dos decanos do movimento de livre comércio, tendo sido o negociador comercial chefe do México na Rodada Uruguai das negociações, que aconteceram entre 1986 e 1994 e resultaram na criação da OMC.

Os dois candidatos têm consciência dos desafios que a OMC enfrenta.

A organização se encontra em situação crítica, com seu papel como negociador de acordos comerciais multilaterais sendo questionado pelo pendor crescente por acordos bilaterais e regionais. Tanto Azevêdo quanto Blanco possuem o carisma necessário para construir consensos entre os países-membros.

No entanto, alguns veem o México como representante disfarçado de interesses dos EUA. Outra questão é que o México não possui a influência do Brasil, que desenvolveu laços fortes com a África e possui embaixadas em todo o mundo.

Por isso, Azevêdo talvez seja um nome melhor para romper o impasse entre economias avançadas e mercados emergentes. (CLAIRE JONES, JOHN-PAUL RATHBONE E JOSEPH LEAHY)


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