Folha de S. Paulo


Mudanças em compilação de dados fazem PIB dos EUA "crescer" 3%

A economia dos EUA vai ficar oficialmente 3% maior em julho, quando as estatísticas governamentais vão passar a levar em conta componentes do século 21 como royalties de filmes e gastos com pesquisas e desenvolvimento.

Bilhões de dólares de ativos intangíveis vão ingressar no PIB da maior economia do mundo, numa revisão que visa captar a natureza mutável da produção americana.

Brent Moulton, que administra as contas nacionais no Birô de Análises Econômicas, disse ao "Financial Times" que a atualização das contas é a maior desde que os softwares de computador foram acrescentadas a elas, em 1999.

"Todas essas modificações importantes serão retroativas até 1929. Portanto, essencialmente, estamos reescrevendo a história econômica", ele disse.

A revisão, que equivale a acrescentar um país do tamanho da Bélgica às dimensões estimadas da economia mundial, vai converter os EUA num dos primeiros países a adotar um novo padrão internacional de contabilização do PIB.

"Estamos capitalizando a categoria pesquisas e desenvolvimento e também a categoria descrita como obras originais de entretenimento, literárias e artísticas, que seriam coisas como filmes originais, programas de televisão de longa duração, livros e gravações de áudio", disse Moulton.

No momento, o setor de P&D é contabilizado como um custo de se fazer negócios, de modo que a produção final de Apple iPads é incluída no PIB, mas as pesquisas, não. Agora, P&D serão contabilizados como investimento, acrescentando um pouco mais de 2% às dimensões medidas da economia.

O PIB de Estados americanos pequenos que abrigam muitas P&D militares vai crescer muito, mas o de outros Estados mal vai mudar. A previsão é que as P&D elevem o PIB do Novo México em 10%, enquanto o Louisiana terá aumento de apenas 0,6%.

Prevê-se que obras criativas somem mais 0,5% ao tamanho da economia dos Estados Unidos.

Também serão incluídos na contabilidade os déficits de planos de pensão de benefícios definidos, porque será medido o que as empresas prometeram pagar, e não o dinheiro que elas depositam nos planos.

As modificações vão somar-se à revisão das contas nacionais realizada a cada cinco anos, baseada no censo econômico de quase 4 milhões de empresas americanas.

Steve Landefeld, diretor do Birô de Análises Econômicas, disse que é difícil prever o resultado das modificações, dada o misto de nova metodologia e atualizações de dados. "Não sei o que vai acontecer quando incluirmos as modificações com os novos dados trazidos pelo censo econômico", explicou.

Mas ele disse que é pouco provável que as revisões modifiquem o quadro do que aconteceu na economia nos últimos anos. "Não prevejo grandes mudanças em tendências ou ciclos", comentou.

Tradução de CLARA ALLAIN


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