Folha de S. Paulo


Obama defende maior verba para pesquisas sobre energia

O presidente americano, Barack Obama, defendeu nesta sexta-feira a utilidade de uma pesquisa fundamental sobre a energia, ameaçada segundo ele, pelas medidas de austeridade impostas nos Estados Unidos há semanas, em vista da incapacidade do Congresso em chegar a um acordo sobre o orçamento.

Obama, que estava no laboratório nacional de Argonne (Illinois, norte), importante local de pesquisa pública federal perto de Chicago, aventou a ideia de um "fundo de segurança energética" com US$ 2 bilhões em 10 anos, um conceito já comentado em seu discurso do Estado da União em 12 de fevereiro.

O presidente aproveitou ainda para destacar os efeitos dos cortes orçamentários automáticos que entraram em vigor no começo de março, particularmente os destinados à pesquisa científica.

Estes cortes "não tiram gordura, atacam também os músculos e os ossos, como a pesquisa e o desenvolvimento que se realizam aqui", acrescentou.

"Por causa deste rigor, nos dirigimos a dois anos em que não faremos novas pesquisas", reforçou o presidente. "Imaginem o que isto quer dizer quando China e Alemanha continuam financiando sua pesquisa básica, enquanto nós permanecemos de braços cruzados", acrescentou.

Os duros cortes no orçamento federal começaram a ser aplicados em 1º de março em todas as agências do governo, depois que os aliados democratas de Obama, maioria no Senado, e seus adversários republicanos, que controlam a Câmara de Representantes, fracassaram em chegar a um acordo sobre as modalidades de uma redução do déficit.

Obama defendeu os "fundos de segurança energética", cujo financiamento virá de dividendos de concessões petroleiras e gasíferas nas zonas marítimas controladas pelo Estado federal. Assim, ressaltou, "poderemos manter a capacidade de invenção americana sem adicionar um centavo ao nosso déficit", ressaltou.

Pouco depois de chegar ao poder, em 2009, Obama propôs um ambicioso projeto de lei sobre energia e clima que tentava reduzir sensivelmente as emissões de CO2 dos Estados Unidos, segundo emissor de gases de efeito estufa, depois da China. Mas foi rapidamente limitado por grande parte do Congresso e precisou voltar atrás.

Quatro anos depois, as perspectivas de que se aprove uma legislação sobre energias verdes são ainda menores, em vista da maioria republicana da Câmara, que tem as rédeas sobre o orçamento federal.

Muitos legisladores republicanos, especialmente em estados que são grandes produtores de energias fósseis - como Louisiana (sul) ou Virgínia Ocidental (leste) - rejeitam em particular o ataque às subvenções de que gozam as empresas do setor petroleiro.


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