Folha de S. Paulo


Coreia do Norte declara inválido armistício com Coreia do Sul, diz jornal

O jornal oficial norte-coreano "Rodong Sinmun" publicou nesta segunda-feira um artigo dizendo que o Exército do país declarou inválido o armistício com a Coreia do Sul, decretado em 1953 após a Guerra da Coreia, que provocou a separação dos dois países.

O texto é publicado no mesmo dia em que começaram os exercícios militares conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul e três dias após a ONU (Organização das Nações Unidas) impor mais sanções contra o país comunista devido ao teste nuclear de fevereiro.

O artigo reitera a ameaça feita na última quinta (7) de cancelar o armistício com a Coreia do Sul, mas não dá detalhes de como isso será feito. Nesta segunda, a Coreia do Norte não atendeu a chamada linha vermelha, telefone criado para que os governos do país e da Coreia do Sul se comuniquem.

Segundo a agência de notícias Yonhap, a linha não foi atendida nas duas tentativas feitas, às 9h (22h de domingo em Brasília) e às 16h locais (5h em Brasília). Caso confirmado, será mais uma ameaça norte-coreana a decretar o fim da trégua na guerra em 60 anos.

A movimentação mais grave aconteceu em 1996, quando os norte-coreanos enviaram tropas para a região de fronteira. Os militares se retiraram dias depois.

EXERCÍCIOS MILITARES

A ameaça do fim do armistício acontece em meio a mais uma rodada de exercícios militares anuais entre Estados Unidos e Coreia do Sul. Cerca de 10 mil soldados sul-coreanos e 3.000 americanos participam das atividades.

O regime de Pyongyang qualificou as operações como "ameaça de guerra" e enviou uma série de tropas para as regiões de fronteira, que incluem efetivos terrestres, marítimos e aéreos. Apesar da movimentação, o comando militar da Coreia do Sul considera que a ação do país comunista não representa uma ameaça.

Os exercícios militares são uma rotina entre Washington e Seul, devido a acordos militares assinados após o fim da Guerra da Coreia. Devido a isso, os Estados Unidos mantêm uma base militar em território sul-coreano que, nos últimos anos, abriga 28.500 soldados.

O aumento da tensão acontece dias após as sanções provocadas pelo teste nuclear de 12 de fevereiro. A resolução, feita por Estados Unidos e China, prevê restrições a três indivíduos, uma empresa e uma organização.

Dentre eles, estão o principal fornecedor de armas e o maior exportador de materiais para mísseis, além do órgão responsável pela produção do armamento. O texto ainda pede que a Coreia do Norte cumpra com o Tratado de Não Proliferação Nuclear, que não foi assinado pelo país.

Apesar do aumento da retórica de Pyongyang, os Estados Unidos e a Coreia do Sul acreditam que o país comunista ainda não tem tecnologia suficiente para fazer um míssil que possa chegar a território americano. No entanto, há a crença de que os norte-coreanos têm combustível suficiente para bombas nucleares.


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