Folha de S. Paulo


Senado rejeita criação de comissão para ir ao velório de Chávez

Com o apoio da oposição, o Senado rejeitou nesta quarta-feira a criação de uma comissão integrada por três senadores para representar a Casa no velório do presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Os senadores decidiram enviar apenas o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) depois que parlamentares do DEM e PSDB criticaram o histórico político de Chávez --e a necessidade de o Congresso brasileiro ter representantes em seu velório.

A oposição também impediu a aprovação de voto de pesar do Senado pela morte de Chávez. Mais cedo, porém, a Casa já havia aprovado dois requerimentos de pesar em razão da morte do presidente da Venezuela.

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O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) trocou farpas com os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Randolfe depois de criticar o regime de Chávez. O tucano citou o regime nazista ao afirmar que "às vezes os mecanismos democráticos servem para a ascenção de líderes que se voltam contra a democracia".

As palavras do tucano provocaram a reação de Suplicy e Randolfe. "A comparação à suástica nazista talvez caiba mais a outros, a quem desaloja sem-terras, sem-teto, a quem pratica atos de arbitrariedade. Talvez a estes caiba mais a suástica nazista. Não cabe nessa situação", disse Randolfe.

Suplicy também afirmou que as palavras do tucano comparavam Chávez a Adolf Hitler. Ao responder o petista, Aloysio Nunes disse que não é "imbecil" e sua comparação não tinha como o objetivo dizer que Chavez foi "nazista".

"O nazismo, o regime anti-semita, o racismo, não pode ser comparado com o desastre venezuelano de hoje, que nem de longe se assemelha ao nazismo. O senador Suplicy não entendeu o que eu disse."

As críticas mais duras a Chávez foram do senador Mário Couto (PSDB-PA), que comemorou a morte do presidente da Venezuela. "Ele foi um ditador, insensível, truculento, que tirou a liberdade do povo venezuelano. Ele não merece a mínima consideração, o mínimo respeito. Hugo Chávez já foi, e foi tarde."

Em defesa do venezuelano, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) disse que os senadores devem estar "irmanados" por uma vida que "se foi". "Além de muito jovem, é um ser humano que nos deixa o convívio. A segunda questão é no eixo da política. O ex-presidente cumpriu um papel importante."


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