Folha de S. Paulo


ONU não confirma ataque israelense; Ban Ki-moon expressa preocupação

Forças de paz da ONU localizadas em uma zona desmilitarizada entre Síria e Israel, foram incapazes de verificar se a acusação do regime sírio de que caças israelenses teriam voado sobre a região de Golã, segundo um porta-voz do secretário-geral, Ban Ki-moon, afirmou nesta quinta (31).

Diplomatas, rebeldes sírios e fontes regionais de segurança afirmaram na quarta que aviões militares de Israel bombardearam um comboio próximo à fronteira com o Líbano, aparentemente atingindo armamentos destinados ao grupo radical islâmico libanês Hizbollah. O regime sírio negou tais relatos, dizendo que o alvo do ataque aéreo havia sido um centro de pesquisa militar a nordeste de Damasco. O governo diz que duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas na ação.

Editoria de arte/Folhapress

Diplomatas americanos, no entanto, sustentam a primeira versão. Israel não confirma o ataque e não se pronunciou sobre o assunto.

O embaixador sírio no Líbano, Ali Abdul Karim Ali, disse que o país pode tomar "uma decisão surpresa" contra o suposto ataque. "O país está comprometido em defender sua soberania e seu território", afirmou, sem mencionar que tipo de represália será feita.

Também nesta quinta, Damasco fez um protesto formal à missão da ONU nas Colinas de Golã, território disputado entre Israel e os sírios. Para o regime de Bashar Assad, houve violação do acordo que garantiu a paz entre os dois países, o qual proíbe ações militares na região.

"A Undof [missão de paz da entidade na região] não observou qualquer aeronave voando sobre a área de separação e, portanto, não foi capaz de confirmar o incidente. A Undof também reportou condições climáticas adversas", disse a jornalistas o porta-voz da ONU, Eduard del Buey.

"O secretário-geral nota com grave preocupação os relatos de ataques aéreos israelenses na Síria", afirmou, em nota, o gabinete de Ban. "O secretário-geral convoca a todos os os envolvidos a prevenir tensões ou suas escaladas (...) e a respeitar estritamente a lei internacional, em particular a respeito da integridade territorial e soberania de todos os países na região", acrescenta o comunicado.

REPERCUSSÃO

A Rússia também manifestou sua preocupação com o incidente. "Caso a informação seja confirmada, isso significa que aconteceu um bombardeio sem nenhuma justificativa no território de um Estado soberano, o que viola grosseiramente a carta da ONU e é inaceitável, independente do motivo", afirma um comunicado da chancelaria do país.

O vice-ministro de Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir Abdolahian, disse nesta quinta-feira que o ataque aéreo israelense terá graves consequências.

Segundo a ONU, mais de 60 mil pessoas já morreram ao longo dos 22 meses de conflito entre tropas governistas de Bashar Assad e insurgentes na Síria.

Israel capturou as colinas de Golã da Síria em uma guerra em 1967. Tropas sírias não são autorizadas na região devido a um acordo de cessar-fogo estabelecido em 1973 e formalizado em 1974. Tecnicamente, ambos os países permanecem em guerra.


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