Folha de S. Paulo


Regime sírio ameaça Israel com ação surpresa contra suposto ataque

O regime sírio ameaçou nesta quinta-feira Israel com um ataque surpresa como represália a um suposto bombardeio ocorrido em Jamraya, no oeste da Síria, na quarta (30). O regime ainda fará um protesto formal à missão da ONU nas Colinas de Golã.

Na noite de quarta, o regime sírio acusou Israel de invadir o espaço aéreo do país e atacar um centro militar de pesquisa na cidade, que fica próxima a Damasco. O governo diz que duas pessoas morreram e outras cinco ficaram feridas na ação.

Editoria de arte/Folhapress

Diplomatas americanos dizem, no entanto, que os caças israelenses atacaram um comboio de veículos militares do regime que levava material para a fabricação de mísseis ao grupo radical islâmico libanês Hizbollah. Israel não confirma o ataque.

O embaixador do país no Líbano, Ali Abdul Karim Ali, disse que o país pode tomar "uma decisão surpresa" contra o suposto ataque. "O país está comprometido em defender sua soberania e seu território", afirmou, sem mencionar que tipo de represália será feita.

Também nesta quinta-feira, Damasco fez um protesto formal à missão da ONU nas Colinas de Golã, território disputado entre Israel e os sírios. Para o regime de Assad, houve violação do acordo que garantiu a paz entre os dois países, o qual proíbe ações militares na região.

Apesar das divergências políticas, Israel e Síria tiveram poucos ataques oficiais desde a Guerra do Yon Kippur, em 1973, quando foram ocupadas as Colinas de Golã. No mesmo ano, o pai de Bashar Assad, Hafez, assumiu a Presidência do país.

Em 2007, Israel invadiu território sírio e bombardeou uma suposta instalação nuclear, mas não houve retaliação de Damasco. Desde então, a situação entre os dois países é tranquila, apesar do conflito entre Assad e a oposição.

Há dois meses, no entanto, houve um bombardeio vindo da Síria que atingiu o território de Israel. Porém, não se sabe se as armas que chegaram vieram do regime sírio ou de rebeldes, que são hostis aos israelenses. Na ocasião, Israel disparou tiros de alerta.

IRÃ E RÚSSIA

Dois aliados do regime sírio, o Irã e a Rússia, também ameaçaram com retaliações a Israel caso o ataque se confirme. A agência iraniana Fars informou que o vice-chanceler, Amir Abdollahian, disse que a ação na Síria significa uma ameaça a Tel Aviv e chamou o ataque de "agressão brutal".

No sábado (26), o assessor do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, Ali Akbar Velayati, disse que a República Islâmica consideraria qualquer ataque à Síria como um ataque ao próprio território persa. Teerã não reconhece o Estado de Israel, a quem chama de "entidade sionista".

Mais cedo, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia criticou o suposto bombardeio e disse que essa ação seria uma interferência militar inaceitável.

"Se confirmada a informação, estamos lidando com ataques não provocados ao território de um país soberano. Isso viola a Carta das Nações Unidas e isso é inaceitável. Não há motivos que justifiquem isso".

As informações sobre o ataque ainda continuam desencontradas. A televisão estatal do Líbano disse que a ação israelense foi um rumor da imprensa. O governo do Estado judaico não comentou oficialmente sobre a operação. O Reino Unido e a Otan também dizem não ter informações sobre a suposta invasão.

A operação israelense pode fazer parte de uma campanha contra o Hizbollah, acusado pelo país de fazer atentados contra judeus a mando do Irã. Nos últimos anos, o regime sírio enviou alguns mísseis Scud aos radicais islâmicos, incluindo alguns que poderiam usar armas químicas.

A suspeita do uso dos artefatos de destruição em massa foi colocada por Israel como motivo para um hipotético ataque à Síria, assim como os Estados Unidos. Nas últimas semanas, o Estado judaico disse que ainda não tinha provas do uso das armas.


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