Folha de S. Paulo


Hizbollah chama de 'barbárie' suposto ataque de Israel a alvo na Síria

O grupo radical islâmico libanês Hizbollah afirmou nesta quinta-feira que foi "uma barbárie" o suposto ataque de Israel à cidade de Jamraya, na Síria. A ação foi informada pela imprensa israelense, a mídia estatal síria e diplomatas dos Estados Unidos, mas não foi confirmada por Israel.

Segundo diplomatas americanos ouvidos pelo canal CNN, caças israelenses atacaram um comboio de veículos militares do regime sírio próximo a Jamraya, no oeste do país e próximo à fronteira com o Estado judaico. Eles afirmam que o veículo levava ao Hizbollah material para a fabricação de mísseis.

Em mensagem na televisão estatal na quarta (30), o regime sírio afirmou que Israel invadiu o espaço aéreo do país, mas que, em vez de um comboio com mísseis, bombardeou um centro militar de pesquisa. Damasco diz que duas pessoas morreram e cinco ficaram feridas na ação.

Em comunicado em seu canal de televisão, o Hizbollah negou a versão americana e considerou a versão síria sobre o ataque. O grupo chamou a suposta ação israelense de "barbárie" e acusou a comunidade internacional de querer derrubar o regime de Bashar Assad.

"Como de costume, a comunidade internacional fica com a língua atada e continuará em silêncio, sem tomar nenhuma ação para condenar o ataque ou tomar qualquer posição séria contra a agressão de Israel".

Para o movimento islâmico, que é aliado do regime sírio, o ataque evidencia as origens do conflito sírio, ou seja, a intenção de derrocar Assad por não se alinhar com países ocidentais e Israel. O Hizbollah afirma que a guerra civil é "um grande complô contra os povos árabes e muçulmanos".

INCERTEZA

As informações sobre o ataque ainda continuam desencontradas. A televisão estatal do Líbano disse que a ação israelense foi um rumor da imprensa. O governo do Estado judaico não comentou oficialmente sobre a operação. O Reino Unido e a Otan também dizem não ter informações sobre a suposta invasão.

Apesar de as relações não serem de conflitos, Israel e Síria não se atacam oficialmente desde a Guerra do Yon Kippur, em 1973, quando foram ocupadas as Colinas de Golã. No mesmo ano, o pai de Bashar Assad, Hafez, assumiu a Presidência do país.

Há dois meses, no entanto, houve um bombardeio vindo da Síria que atingiu o território de Israel. Porém, não se sabe se as armas que chegaram vieram do regime sírio ou de rebeldes, que são hostis aos israelenses. Na ocasião, Israel disparou tiros de alerta.

A operação israelense pode fazer parte de uma campanha contra o Hizbollah, acusado pelo país de fazer atentados contra judeus a mando do Irã. Nos últimos anos, o regime sírio enviou alguns mísseis Scud aos radicais islâmicos, incluindo alguns que poderiam usar armas químicas.

A suspeita do uso dos artefatos de destruição em massa foi colocado por Israel como motivo para um hipotético ataque à Síria, assim como os Estados Unidos. Nas últimas semanas, o Estado judaico disse que ainda não tinha provas do uso das armas.


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