Folha de S. Paulo


Venda da Vigor para empresa do México dá alívio financeiro à J&F

Divulgação
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A conclusão da venda da Vigor para a mexicana Lala, anunciada nesta quinta-feira (26), trouxe um considerável alívio para a situação financeira da J&F, holding que reúne os negócios da família Batista.

Os empresários Joesley e Wesley Batista já levantaram R$ 7,5 bilhões com a venda de ativos: R$ 3,5 bilhões pela Alpargatas, R$ 3 bilhões pela Vigor e R$ 1 bilhão por 13% da Eldorado, conforme cálculos da agência de risco S&P.

Esse valor representa o montante líquido que ficou nas mãos dos irmãos, já descontadas as dívidas das empresas e o pagamento aos minoritários. A J&F não comentou os números.

Joesley Batista está preso preventivamente desde que a Procuradoria Geral da República decidiu rever seu acordo de delação premiada, alegando que ele omitiu crimes. Wesley Batista também foi preso por acusação de "insider trading".

Apesar da turbulência, as vendas foram concluídas e os irmãos - mesmo da cadeia - poderão quitar os cerca de R$ 4 bilhões que devem diretamente na holding J&F, graças à significativa injeção de recursos.

A situação só não chega a ser confortável, porque a J&F é garantidora dos R$ 7,5 bilhões de dívida da Eldorado. Um fatia considerável do financiamento da fabricante de celulose é de curto prazo e os juros são pesados, chegando a R$ 800 milhões por ano.

Para resolver de vez sua situação financeira, os Batista precisam, portanto, se livrar dessa dívida e finalizar a venda da Eldorado para a Paper Excellence, da família Widijaja. O negócio está previsto para ser concluído em 10 meses.

Se tudo der certo, mesmo a multa de R$ 10,3 bilhões acertada com o Ministério Público no acordo de leniência, também não deverá ser problema, já que o prazo de pagamento chega a 25 anos com reajuste apenas pela inflação.

Pelas contas da S&P, a multa vai significar uma despesa de cerca de R$ 50 milhões a cada seis meses para a J&F, que poderá ser quitada com os dividendos pagos pela JBS, o principal negócio da família. Neste ano, o frigorífico deve pagar R$ 110 milhões em dividendos.

Além disso, o caixa da J&F recebeu um reforço significativo com a venda de ações da JBS pouco antes de delação - um dos supostos crimes de "insider trading" dos quais Joesley e Wesley são acusados. A holding tem hoje cerca de R$ 560 milhões em caixa, sendo que R$ 520 milhões vieram da operação sob suspeita.

Vigor. Selada em agosto, a venda da Vigor para os mexicanos da Lala demorou quase dois meses para ser concluída. O valor total ficou em R$ 4,3 bilhões, incluída a dívida (R$ 3 bilhões para a J&F).

Houve um impasse em torno da Itambé, que pertence 50% à J&F e 50% à Cooperativa de Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR), e deve acabar mesmo ficando de fora do negócio.

A CCPR pediu uma prorrogação do prazo para exercer seu direito de preferência e comprar a parte dos Batista. Agora a cooperativa tem até a aprovação do negócio pelo Cade para fazer o pagamento.

Segundo pessoas próximas às discussões, a CCPR vem tentando estruturar um financiamento bancário para levantar os R$ 600 milhões necessários e é possível que conte com a ajuda do governo de Minas Gerais e do BNDES. O banco, que tem 21% da JBS e está em conflito com os Batista desde a delação, não comentou.

Gilberto Xandó, atual presidente da Vigor, e sua equipe devem permanecer a frente da Vigor durante um período de transição para a Lala.

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DE SAÍDA

O que os irmãos Batista já venderam

R$ 15 bilhões
foi a avaliação do negócio acertado pela venda da Eldorado Celulose para a Paper Excellence, incluindo uma dívida de R$ 7,4 bilhões. Na 1ª etapa, 13% foram vendidos por R$ 1 bilhão

R$ 4,3 bilhões
foi o valor da venda da Vigor para os mexicanos da Lala

R$ 1 bilhão
foi obtido com a venda para a Minerva de ativos da JBS no Mercosul

R$ 3,5 bilhões
foi o montante obtido com a venda da Alpargatas para a Itaúsa (das famílias Setubal e Villela, controladoras do Itaú Unibanco) e Cambuhy, veículo de investimento dos Moreira Salles, também acionistas do banco

R$ 3,3 bilhões
pela cotação atual do dólar, foi o valor levantado com a venda da Moy Park (unidade europeia) para uma das subsidiárias da JBS nos Estados Unidos


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