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Com crise econômica, desembolsos do BNDES para empresas caem 34%

Rafael Andrade/Folhapress
RIO DE JANEIRO, RJ, 30.01.2009: PRÉDIO-BANCO - Prédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) na avenida Chile, no centro do Rio de Janeiro. (Foto: Rafael Andrade/Folhapress)
Prédio do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) na avenida Chile, no Rio

Os desembolsos de recursos pelo BNDES caíram 34% entre janeiro e setembro de 2016, para R$ 62,205 bilhões, informou o banco nesta quinta-feira (20).

O valor representa quase a metade dos R$ 129,649 bilhões verificados no mesmo período de 2014, último ano da política expansionista do governo.

De acordo com o superintendente da área de planejamento do BNDES, Fábio Giambiagi, o desempenho do ano reflete a retração econômica do país.

Mantida a média dos últimos meses, os desembolsos fecharão 2016 abaixo dos R$ 100 bilhões pela primeira vez desde 2008, considerando os valores correntes à época.

O recorde de desembolsos do BNDES foi atingido em 2013, com a liberação de R$ 190,4 bilhões, a valores correntes.

As maiores quedas em 2016 foram registradas na indústria extrativa (-99%, para R$ 0,1 milhão), outros transportes (-62%, para R$ 1,927 bilhão), transporte rodoviário (-39%, para R$ 3,571 bilhões) e têxtil e vestuário (-36%, para R$ 566 milhões).

No terceiro trimestre, a queda nos desembolsos foi de 13,9% com relação ao mesmo período do ano anterior, em mais um sinal de que a retomada da economia ainda não começou.

"Talvez a intensidade dos problemas acumulados tenha sido muito grande e os mais otimistas tenham subestimado as dificuldades para a retomada", afirmou Giambiagi.

Ele destacou, porém, que as consultas, que indicam o interesse dos empresários por novos empréstimos, começaram a se estabilizar nos últimos meses.

Entre janeiro e setembro, porém, o indicador registra queda de 8%, para R$ 84,892 bilhões.

INDICADORES

O BNDES lançou nesta quinta uma nova política de divulgação de indicadores, que segue modelos já adotados por outros órgãos da área econômica do governo, como o Tesouro e o Banco Central.

A política cria um cronograma público de divulgação dos dados de desempenho, com séries históricas retroativas até janeiro de 1995, para permitir análises estatísticas mais aprofundadas.

"É um conjunto de aprimoramentos que já vinha sendo feito, para atender ao anseio da sociedade por maior transparência", disse Giambiagi.

Segundo Giambiagi, o banco está "se preparando" para apoiar o aumento da atividade a partir de 2017 apesar da devolução de R$ 100 bilhões ao Tesouro Nacional.

Nesse sentido, vai anunciar até o fim de novembro uma nova política operacional, com maior participação de empréstimos a juros de mercado e ênfase em infraestrutura e micro, pequenas e médias empresas.


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