Folha de S. Paulo


Brasileiro que aposta em imóvel nos EUA muda de perfil

Joe Raedle/Getty Images/AFP
Vista de Miami
Vista de Miami

Corretores de imóveis especializados em clientes brasileiros nos Estados Unidos relatam que, apesar do recente movimento de venda, a demanda por propriedades ainda resiste. O que mudou foi o perfil do comprador.

Aquela classe média alta que buscava imóveis como segunda residência para alugar para turistas na temporada tem sido substituída por um cliente de renda mais elevada que está indo morar nos EUA para fugir da crise brasileira, de acordo com a advogada especializada no setor Michelle Viana, do escritório Viana Law Firm.

"O investidor que tinha R$ 700 mil para comprar a casa não procura mais porque o dólar subiu e os imóveis se valorizaram em relação ao pós-crise americana. Esse valor já não é suficiente", diz Fernando Bergallo, diretor da FB Capital, empresa especializada em intermediação de operações de câmbio.

O novo comprador, conta Bergallo, são famílias que dispõem de mais de R$ 2 milhões para investir no bem.

"Além da moradia, esse novo comprador que agora vem para morar também busca, muitas vezes, um imóvel comercial, porque está se estabelecendo no país" Gabriela Melo, corretora da imobiliária Duek Realty.

Geograficamente, de acordo com Melo, também houve uma procura maior por regiões próximas de escolas para os filhos e áreas comerciais, características que têm mais afinidade com o perfil de quem busca uma habitação permanente.

O empresário Maurício Fraçon viveu os dois cenários. Em 2011, comprou, próximo à Disney, um imóvel para alugar a turistas por US$ 200 mil (US$ 214 mil atualizados pela inflação americana) pelo dólar a R$ 1,60. Hoje, tenta vender por US$ 315 mil.

Aborrecido pela crise e pela falta de segurança no Brasil, mudou-se neste ano levando a família e comprou uma franquia para ter seu próprio negócio nos EUA.

"Vamos vender este imóvel e comprar outro, em um bairro menos turístico e mais residencial para começar a vida e criar relações aqui."

BRASILEIRO NAS VENDAS

Relatório da National Association of Realtors (entidade americana do setor imobiliário) mostra o Brasil em sétimo lugar na lista dos investidores estrangeiros que mais venderam imóveis residenciais nos Estados Unidos, com 3% de participação.

Encontrar um comprador não foi difícil, conta o empresário Joseph, que pediu para ocultar seu sobrenome. Em menos de 60 dias, vendeu a uma americana, pelo câmbio de R$ 3,60 no início do ano, o imóvel que comprara a R$ 2,01 anos atrás.

"O meu já estava quitado, mas, quando vi que o dólar estava subindo e que muitos brasileiros tinham comprado financiado, imaginei que iam começar a desovar porque a dívida deles estava dobrando. Além da valorização que tive no imóvel, ganhei muito no câmbio", afirma.


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