Folha de S. Paulo


Facebook contra-ataca o software de bloqueio de anúncios

Paul Sakuma/Associated Press
Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook
Mark Zuckerberg, presidente-executivo do Facebook

O Facebook está se posicionando contra o bloqueio de anúncios ao adotar uma tecnologia que torna mais difícil que as pessoas evitem ver a publicidade veiculada em seu site, e afirma que os diferentes softwares de bloqueio de anúncios, cada vez mais populares, prejudicam os provedores de conteúdo e os usuários.

A maior rede social do planeta também está encorajando seus usuários a identificar que anúncios os desagradam, e a que informem o site sobre que anúncios os interessariam, o que permitiria que ela recolhesse informação mais aprofundada pra fornecer aos anunciantes.

Andrew Bosworth, vice-presidente de publicidade e da plataforma de negócios do Facebook, declarou que os bloqueadores de anúncios adotavam uma abordagem "tudo ou nada", enquanto o Facebook tinha a esperança de encontrar "território comum", permitindo que usuários reportassem anúncios que considerem irrelevantes.

O Facebook ontem começou a oferecer novas opções aos usuários no topo de seus news feeds, mostrando a eles o que a rede social considera que eles gostam e que anunciantes estão utilizando suas informações de contato para direcionar-lhes publicidade na rede. "Com a oferta de controles mais poderosos aos usuários, começaremos também a exibir publicidade, na tela de computador do Facebook, para pessoas que estejam usando software de bloqueio", disse Bosworth.

Muitos anunciantes veem o Facebook como maneira de evitar o risco de ver seus anúncios bloqueados, já que os bloqueadores de anúncios não funcionam no app móvel da rede social devido ao seu design natural, que combina conteúdo e publicidade de maneira estreita. O Facebook gera 87% de sua receita nos aparelhos móveis, mas agora está adotando mudanças para garantir que seus anúncios veiculados em computador não sejam prejudicados.

A rede social se uniu às companhias de mídia que já vêm tentando descobrir maneiras de proteger sua receita online contra o bloqueio de anúncios. As pessoas que usam software de bloqueio de publicidade em seus computadores de mesa e laptops e visitaram o site do "New York Times" em março foram informadas de que "as melhores coisas da vida não são gratuitas", e convidadas a desabilitar seu software de bloqueio ou "pagar por uma assinatura".

A PageFair, que ajuda os provedores de conteúdo a contornar software de bloqueio de publicidade, estimou que mais de 200 milhões de pessoas hoje usem alguma forma de bloqueio de publicidade em seus computadores; o mesmo se aplica a 420 milhões do 1,8 bilhão de usuários mundiais de smartphones.

O Facebook é a segunda maior plataforma de publicidade digital pelo critério de receita, atrás apenas do Google. O grupo de pesquisa E-Marketer previu que a companhia faturará US$ 22,4 bilhões com publicidade em 2016, ante US$ 57,8 bilhões para o Google. A rede social obtém a maior parte de seu dinheiro da venda de publicidade em seu news feed.

Mas as tentativas de contornar os sistemas de bloqueio de publicidade também enfrentam críticas. A Comissão Europeia afirma que os "bloqueadores de bloqueadores de anúncios" usados por alguns provedores de conteúdo talvez violem as leis de privacidade da União Europeia porque, para detectar o bloqueio de publicidade, eles podem precisar salvar ou obter acesso a informações sobre o usuário.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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