Folha de S. Paulo


Siderúrgica CSA se arma contra a queda global de preços do aço

Daniel Marenco - 30.nov.12/Folhapress
SANTA CRUZ, RJ, BRASIL, 30-11-2012, 14h00: Companhia Siderúrgica do Atlantico, em Santa Cruz. Ate ontem a bandeira do Brasil estava em retalhos. (Foto: Daniel Marenco/Folhapress, MERCADO)
Unidade da Companhia Siderúrgica do Atlântico, em Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro

Depois de comemorar em 2015 seu primeiro ano de empate entre receitas e despesas, a CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico) tenta reduzir custos para enfrentar o cenário de baixos preços no mercado internacional sem apelar a cortes de produção e demissões.

Pouco mais de cinco anos após sua conturbada implantação, a empresa é uma das poucas siderúrgicas no país a manter o ritmo de produção e o nível de empregos, apesar da crise provocada pelo excesso de oferta global de aço.

Neste ano, a Companhia Siderúrgica Nacional e a Usiminas já anunciaram corte de produção e demissões, seguindo caminho adotado pela Gerdau no ano passado.

A CSA conseguiu estabilizar sua produção em 4 milhões de toneladas por ano e opera hoje com 80% de sua capacidade —taxa superior à média nacional, de 69%.

Editoria de Arte/Folhapress
Raio-x CSA

A companhia comemorou, em setembro, o primeiro ano de "break even", quando o resultado operacional deixa de ser negativo (no calendário fiscal alemão, os balanços são divulgados naquele mês).

"A maior parte da produção é exportada, sendo os EUA o principal mercado, onde a demanda é alta", afirma a CSA, que é controlada pela alemã ThyssenKrupp, com participação da Vale.

As vendas aos EUA estão garantidas até 2019 por um contrato com a usina de Calvert, no Alabama, que foi construída como um projeto integrado à CSA, mas vendida pela ThyssenKrupp à ArcelorMittal no final de 2013.

Na época, a companhia alemã chegou a prospectar compradores para a CSA, mas desistiu por falta de interesse. O processo foi engavetado.

DESAFIOS

A empresa informou que a meta hoje é "reduzir custos e aumentar a eficiência" para enfrentar a queda de preços no mercado internacional, que levou a um resultado negativo no balanço do primeiro trimestre de 2015/2016, divulgado na sexta-feira (12).

No período, a empresa teve fluxo de caixa negativo de € 74 milhões, apesar do aumento de 3,3% nos embarques em relação ao mesmo período do ano anterior. Apesar do aumento no volume de vendas, a receita caiu 30%, para € 350 milhões.

Projeto de € 2 bilhões, a CSA enfrentou uma série de desafios na sua implantação, em Santa Cruz, bairro pobre da zona oeste do Rio.

Primeiro, foi acusada de importação de empregados chineses. Depois, teve de reduzir as operações para sanar problemas operacionais que resultaram em altos níveis de poluição que prejudicaram a comunidade vizinha.

Por isso, recebeu multas do Instituto Estadual do Ambiente, que totalizaram R$ 15 milhões, e foi obrigada a investir para reduzir as emissões. Até hoje, os processos estão em discussão.


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