Folha de S. Paulo


Ações da Petrobras despencam e empresa volta a níveis de 1999

Geraldo Falcão/Banco de Imagens Petrobras
FPSO P-34 Plataforma Sevan Piranema operando no campo de Piranema, Bacia Sergipe-Alagoas. A Sevan Piranema é uma plataforma do tipo FPSO monocoluna, a primeira plataforma redonda do mundo. O formato circular da plataforma Sevan Piranema oferece maior estabilidade - http://www.petrobras.com.br/infograficos/tipos-de-plataformas/desktop/index.html
Plataforma da Petrobras no campo de Piranema, Bacia Sergipe-Alagoas

A Petrobras voltou ao nível de 1999 no mercado de ações. Os papéis preferenciais da companhia despencaram 7% nesta segunda-feira (18), para R$ 4,80. Ajustado pela inflação, o valor é o menor desde agosto de 1999. Sem considerar a inflação, as ações atingiram o menor patamar desde novembro de 2003.

Desde o início do ano, a Petrobras perdeu 27% do valor de mercado. Esse desempenho tirou a estatal da lista de 500 maiores empresas de capital aberto do mundo, elaborado pela Bloomberg. Também é a primeira vez, desde 1999, que a Petrobras não aparece nessa relação.

As ações ordinárias da estatal, com direito a voto, encerraram o dia a R$ 6,30, queda de 6%, e contribuíram para a desvalorização de 1,64% do principal índice da Bolsa.

O Ibovespa encerrou o pregão, esvaziado devido a um feriado nos EUA, aos 37.937 pontos, o menor patamar desde março de 2009.

O preço do petróleo, que nesta segunda chegou a ser cotado abaixo de US$ 28 em Londres, teve a principal influência sobre as ações da companhia no último pregão.

Além de reduzir a receita com exportações de óleo bruto e com a venda de derivados com preços internacionais, como nafta e querosene de aviação, o petróleo barato torna ainda mais duvidoso o futuro da companhia, pois inviabiliza novos projetos de exploração e produção, área prioritária da empresa.

Também afugentam os investidores dúvidas sobre uma possível capitalização da empresa e a eficácia dos cortes de investimentos e das vendas de ativos já anunciados.

As incertezas mais recentes somam-se a outras notícias que já vinham depreciando a empresa: o escândalo de corrupção revelado pela Operação Lava Jato, seu alto endividamento e a desvalorização cambial, que encarece mais a sua dívida, e processos judiciais nos EUA que podem resultar no pagamento de indenização bilionária.

"Com o petróleo abaixo de US$ 30, os investidores reduzem sua exposição ao setor. Neste momento, procuram se desfazer das piores ações –e a Petrobras é hoje uma das piores", diz Flavio Conde, analista do site Whatscall.

Ações de outras petroleiras sofreram menos nesta segunda: os papéis da britânica BP subiram 0,69% e os da Shell recuaram 1% em Londres.

PETRÓLEO

Com a expectativa de alta nas exportações de petróleo do Irã após o fim das sanções econômicas ao país, o barril tipo Brent, referência no mercado, recuou 0,73% nesta segunda, para US$ 28,73.

A estatal iraniana de petróleo já determinou o aumento da produção em 500 mil barris ao dia, mas há dúvidas sobre a velocidade em que esse volume chegará ao mercado.

"Os estoques continuarão altos, tanto faz se o Irã conseguir elevar a produção na semana que vem ou no segundo semestre", diz Walter De Vitto, analista da Tendências.

Em um ano e meio, a commodity já perdeu cerca de 75% de seu valor devido ao cenário de oferta excessiva.

FGTS

Com as ações da Petrobras em queda livre, quem investiu parte do FGTS nos papéis da estatal há mais de 15 anos já perde para aqueles que preferiram não aderir ao investimento, diz Mario Avelino, do instituto Fundo Devido ao Trabalhador.

Desde agosto de 2000, o FGTS rendeu 103,71%. No mesmo período, as ações ordinárias da estatal renderam 46,26%, já contando o 20% de desconto que o trabalhador teve direito para comprá-las.

Os fundos FGTS-Petrobras, utilizados para a aplicação, têm um retorno ligeiramente diferente porque podem aplicar até 5% do patrimônio em outros papéis, além de descontar custos com taxa de administração. Avelino diz que, até 30 de dezembro, quando a ação custava R$ 8,58, ainda valia a pena ter aderido.

Colaborou NICOLA PAMPLONA, do Rio

Ação da Petrobras encosta nos R$ 5 - Preço da ação preferencial (sem direito a voto) da Petrobras, em R$


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