Folha de S. Paulo


Para banco, China pode derrubar barril de petróleo para US$ 20

O preço do petróleo continua em queda neste começo de 2016, renovando recorde de baixa nesta segunda (11). E o banco Morgan Stanley se juntou ao número crescente de vozes afirmando que o preço da commodity pode cair para perto de US$ 20 por barril.

O Brent, referencial mundial do petróleo e negociado em Londres, caiu 6%, para US$ 31,55 por barril nesta segunda, patamar registrado pela última vez em abril de 2004. Nos Estados Unidos, o barril do WTI foi a US$ 31,41.

"Petróleo na casa dos US$ 20 é possível", afirmou Adam Longson, analista do Morgan Stanley, em relatório que avalia o risco para commodities em caso de nova desvalorização cambial na China.

A desaceleração na economia chinesa –cujo crescimento resultou na ascensão da demanda mundial por petróleo– criou novos temores de excedente de oferta.

Esforços para promover desvalorização maior do yuan poderiam ajudar a economia do país, que tem foco nas exportações. No entanto, encareceria as importações de commodities.

Queda livre - Petróleo se aproxima dos US$ 30

"Isso poderia resultar em enfraquecimento adicional das commodities e derrubar o petróleo para a casa dos US$ 20", afirmou Longson.

Bancos como o Goldman Sachs, Citigroup e Bank of America Merrill Lynch (BofA) também previram que o excedente de petróleo poderia derrubar os preços para os US$ 20, mas por motivos diferentes. Entre eles existe o temor de que os estoques dos EUA atinjam capacidade máxima, e que os preços tenham que cair a um patamar que torne viável estocar em tanques em alto-mar.

A proliferação de visões pessimistas surge em um momento no qual o excedente de oferta de petróleo mostra pouco sinal de redução.

Os preços atingiram uma média de quase US$ 100 por barril entre 2008 e 2014, alimentando um boom de oferta que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) tentou rebater, mas sem cortar sua produção.

Embora isso seja vantajoso para os motoristas, a derrocada dos preços devastou orçamentos de países produtores e forçou as grandes petroleiras a cortar empregos e planos de investimento.

O BofA na segunda-feira reduziu sua projeção para o preço do brent neste ano de US$ 50 para US$ 46 por barril, apontando para o excedente de estoques e os problemas cambiais da China.

"Acreditamos que seja cedo demais para prever até que ponto o preço cairá", disseram analistas do BofA.

O banco Société Générale também reduziu estimativas.

"O forte medo de uma aterrissagem dura na China e em outros mercados emergentes também foi levado em conta", acrescentou Michael Wittner, analista do banco francês.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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