A alta do dólar e a queda na atividade econômica devem reduzir o deficit do Brasil com o exterior para US$ 41 bilhões em 2016, segundo o Banco Central.
A redução no deficit externo tem sido apontada pelo governo como o ajuste na economia brasileira que foi bem sucedido em 2015, por ter contribuído para reduzir a vulnerabilidade do país nessa área.
O número representa uma queda de 60% em relação aos mais de US$ 100 bilhões registrados dois anos antes, quando o câmbio e o ritmo de atividade ainda estimulavam importações, viagens ao exterior e remessas de lucro maiores.
São esses os três fatores que devem contribuir novamente para que, em dois anos, o deficit recue de 4,31% para 2,66% do PIB (Produto Interno Bruto).
setor externo - Deficit externo deve cair 60% em dois anos com real fraco e recessão
As exportações, por exemplo, devem ficar em US$ 190 bilhões em 2015 e 2016, segundo o BC, mas as importações recuariam no mesmo período de US$ 175 bilhões para US$ 160 bilhões.
O deficit com viagens ao exterior (despesas menos receitas com turismo) deve cair de US$ 18,7 bilhões em 2014 para US$ 11,7 bilhões neste ano e para US$ 9 bilhões no próximo.
As remessas de lucros de US$ 20 bilhões projetadas para 2015 e 2016 também estão abaixo do nível de 2014 (US$ 31,2 bilhões).
Também vão contribuir para reduzir o deficit a queda em gastos com aluguel de equipamentos e transporte (no comércio exterior, principalmente), por exemplo.
Para 2015, o BC projeta deficit de US$ 62 bilhões. Na comparação com o PIB isso representa 3,48%, menor percentual desde 2013 (3,04%).
Deficit nas contas externas (% do PIB) -
INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS
A crise econômica deve derrubar os investimentos diretos em empresas brasileiras de US$ 96,9 bilhões (4% do PIB) em 2014 para US$ 66 bilhões (3,7% do PIB) em 2015, segundo projeção do BC.
Para 2016, a instituição espera uma queda menor em valor nominais, para US$ 60 bilhões, o que significa aumento na comparação com o PIB, para 3,9%.
O investimento direto é a principal fonte de dólares para o Brasil e tem ajudado a manter o saldo entre entrada e saída de recursos positivo neste ano.
Em 2015 e 2016, haverá dinheiro suficiente para financiar o deficit externo, ao contrário do que ocorreu em 2013 e 2014.
O BC prevê ainda que o investimento estrangeiro em ações de empresas brasileiras caia de US$ 11,8 bilhões em 2014 para US$ 10 bilhões em 2015 e US$ 6 bilhões em 2016.
As aplicações em renda fixa no Brasil devem passar de US$ 27 bilhões no ano passado para US$ 13 bilhões neste ano e US$ 6 bilhões no próximo.