Folha de S. Paulo


Levy diz que economia pode 'pagar o pato' em caso de impeachment

Alan Marques/Folhapress
O ministro da Fazenda Joaquim Levy
O ministro da Fazenda Joaquim Levy

Durante café da manhã com jornalistas nesta sexta-feira (18), o ministro Joaquim Levy (Fazenda), que está de saída do governo, afirmou que o afastamento da presidente Dilma Rousseff só trará mais incertezas e adiará a recuperação da economia brasileira.

Questionado sobre a posição da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que é favorável ao impeachment, Levy acabou por criticar indiretamente a presidente, que promoveu em 2012 uma política de redução na conta de luz que foi revertida posteriormente.

Joaquim Levy
Mudança no comando da Fazenda
Joaquim Levy

"Eu vejo o apoio da Fiesp ao impeachment como o apoio que eles deram a todas aquelas mudanças no setor elétrico em 2012 e até se atribuíram um papel de inspiradores. É importante ver quem paga o pato depois", afirmou Levy.

Levy usou a palavra "incerteza" diversas vezes para explicar o desempenho ruim da economia em 2015 e não quis responsabilizar o governo pelos resultados.

"Não houve falha de ninguém. Há processos que interferiram. O desempenho da receita, por conta de incertezas de natureza política, vinha inclusive abaixo do que se poderia projetar pelo desempenho da economia, que vinha abaixo do que se poderia projetar por causa de algumas surpresas. Surpresas hebdomadárias [semanais]"

O ministro disse ainda que a retração no investimento é explicada, por exemplo, porque as pessoas têm uma quantidade de risco que conseguem suportar e que esse espaço está todo ocupado "pelo risco que vem de Brasília."

As Derrotas de Levy

Levy deve deixar Brasília ainda nesta sexta-feira e viajar nos próximos dias para encontrar a família em Washington (EUA).

O ministro não quis confirmar nem negar sua saída do governo. Em certo momento, Levy passou a tratar com ironia as frequentes perguntas dos jornalistas sobre um pedido de demissão.

Afirmou, por exemplo, que a missão de ministro da Fazenda nunca está concluída e que os jornalistas estavam exacerbando as incertezas políticas que já afetam a economia brasileira.

Sobre a presidente Dilma, Levy afirmou que ela entendeu que algumas das políticas de gastos implementadas antes tinham se esgotado e apoiou o ajuste fiscal. Disse ainda que os dois sempre tiveram um relacionamento "muito respeitoso".

O ministro não fez previsões para o próximo ano, mas secretários do ministro disseram reservadamente que 2016 deve ser tão ruim ou pior que 2015.


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