Folha de S. Paulo


Com crise na Petrobras, lucro do BNDES cai 36% no 1º semestre

A crise da Petrobras voltou a afetar os resultados do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O lucro líquido do banco tombou 36% no primeiro semestre, frente ao mesmo período de 2014, para R$ 3,515 bilhões.

O lucro foi afetado pelo pior resultado das participações societárias, que teve queda de R$ 3,6 bilhões. O principal impacto veio da ausência de dividendos (lucros distribuídos aos acionistas) da Petrobras neste ano.

Nos primeiros seis meses de 2014, o BNDES recebeu R$ 1,8 bilhão de dividendos da estatal. Neste ano, não recebeu nada. A Petrobras não vai pagar dividendo porque teve prejuízo de R$ 21,7 bilhões em 2014, efeito da corrupção e ativos mal avaliados.

Além da Petrobras, o lucro do banco foi afetado pela queda das ações de algumas companhias, o que provocou uma correção para baixo do valor dos papéis (o chamado impairment) em R$ 1,15 bilhão. O BNDES não informou quais são essas empresas.

Apesar do lucro menor, o banco destacou seu desempenho operacional. É o caso do ganho com intermediação financeira -as operações de crédito- de R$ 9,3 bilhões de janeiro a junho, 55% acima do mesmo período de 2014. O BNDES destacou ainda sua baixa inadimplência (0,05%).

A uma semana da CPI do BNDES no Congresso, o banco disse em comunicado que a alta "expressiva" da intermediação financeira e baixa inadimplência refletem a "boa gestão operacional, alinhada às prioridades estratégicas do governo".

OPERAÇÃO

O patrimônio líquido do BNDES totalizou R$ 38 bilhões em junho de 2015, acima dos R$ 30,7 bilhões de dezembro de 2014. O aumento foi influenciado pela recuperação do valor de mercado de algumas empresas, como a própria Petrobras.

"Mesmo com o menor ritmo de desembolsos, os resultados do banco permanecem crescendo porque refletem a forte expansão da carteira nos últimos anos", disse Carlos Frederico Rangel, chefe do Departamento de Contabilidade do banco.

Com a divulgação do balanço da Petrobras e o plano de investimentos da companhia, o auditor independente que analisa o balanço do BNDES decidiu retirar as ressalvas sobre a limitação de escopo das demonstrações financeiras.


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