Folha de S. Paulo


Dólar sobe após China desvalorizar moeda para estimular economia

Mark Wilson/AFP
Dólar volta a subir após China depreciar o yuan
Dólar volta a subir após China depreciar o yuan

Após duas quedas seguidas, o dólar volta a subir em relação ao real nesta terça-feira (11). A alta ocorre após o banco central chinês decidir depreciar o yuan para estimular a economia do país, que vem apresentando dados fracos.

Às 11h16, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, avançava 1,18%, para R$ 3,499. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, se valorizava 1,68%, para R$ 3,501, no mesmo horário. Das 24 principais moedas emergentes, 17 perdiam força em relação ao dólar às 11h17.

O Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro, tinha queda de 1,36%, para 48.680 pontos, às 11h17. Pesa a desvalorização das ações da Vale, que caem mais de 5% nesta sessão.

A China resolveu desvalorizar o yuan como uma forma de tentar melhorar sua balança comercial. No sábado, o país anunciou uma queda de 8,3% nas exportações em julho, a maior em quatro meses e muito acima da retração de 1,5% estimada por analistas.

"O governo vinha deixando a moeda artificialmente num patamar para incentivar as exportações. Com a desvalorização, a China tenta estimular a economia e melhorar a balança comercial, mas é um objetivo de médio e longo prazo", afirma Julio Hegedus, economista-chefe da Lopes Filho. "É uma forma de o país controlar a desaceleração da economia, que já está ocorrendo."

A decisão pode ter efeito negativo sobre o Brasil. A China é um dos maiores importadores de produtos brasileiros, e uma desvalorização da moeda encarece os produtos nacionais. Outros emergentes exportadores de commodities também devem ser afetados pela decisão chinesa, avalia Hegedus.

Aqui, o impacto maior será sentido pela mineradora Vale, que tem na China o principal destino para suas exportações. Às 11h17, os papéis preferenciais da mineradora tinham queda de 5,50%, para R$ 14,60. No horário, as ações ordinárias se desvalorizavam 5,94%, para R$ 18,20.

AÇÕES

O cenário para Bolsa continua desafiador, avalia Leandro Martins, analista da corretora Rico. "Mesmo com a alta dos juros, o investidor nesse momento está preferindo sair do risco-Brasil. Alguns grandes fundos de investimento no exterior já antecipam a perda do grau de investimento. Com isso, o índice deve continuar caindo e o dólar vai voltar a subir", afirma.

"O reflexo da saída dos investidores no câmbio é direto", destaca.

A expectativa também é de que o cenário político volte a influenciar a Bolsa, afirma Hegedus. "A presidente Dilma [Rousseff] vem tentando isolar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O imbróglio político chama atenção dos investidores nesse momento", afirma.

Dilma reuniu na segunda-feira (10), em jantar no Palácio da Alvorada, 21 de seus ministros de Estado e 43 senadores de sua base aliada para pedir que o Senado atue como "poder moderador".

Segundo a presidente, o Senado precisa funcionar como um "espaço de equilíbrio", "para se refletir melhor". "Se isso continuar [a aprovação das pautas-bomba, vai comprometer a economia além desse governo", disse Dilma.

Os papéis da Petrobras caem nesta sessão. Às 11h17, as ações mais negociadas da petrolífera tinham desvalorização de 3,21%, para R$ 9,63. No horário, os papéis ordinários —com direito a voto— perdiam 3,08%, para R$ 10,67.

As ações da BB Seguridade caem, mesmo após a empresa informar que fechou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 1,215 bilhão, alta de cerca de 44% sobre o resultado positivo obtido um ano antes. A alta foi apoiada no efeito do aumento de juros da economia nas aplicações financeiras da empresa.

Em termos ajustados, a instituição teve lucro líquido de R$ 994,6 milhões de abril a junho, crescimento de 17,7% em relação ao segundo trimestre de 2014. Às 11h18, os papéis tinham desvalorização de 1,63%, para R$ 31,38.


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