Folha de S. Paulo


Petrobras cai mais de 4% e ajuda Bolsa a fechar no vermelho; dólar sobe

O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quinta-feira (25) em queda, refletindo a deterioração da economia brasileira e o persistente impasse nas negociações entre Grécia e seus credores internacionais para evitar um calote do país no final deste mês.

O Ibovespa perdeu 1,24%, para 53.175 pontos. O volume financeiro foi de R$ 6,493 bilhões. A Petrobras viu sua ação preferencial, mais negociada e sem direito a voto, cair 4,55%, para R$ 12,60. Foi a maior queda do Ibovespa no dia. O papel ordinário, com direito a voto, recuou 4,38%, a R$ 13,98.

Segundo analistas, a baixa da companhia na Bolsa foi acentuada pela notícia sobre o habeas corpus preventivo impetrado na Justiça Federal no Rio Grande do Sul para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não seja preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, caso o juiz federal Sergio Moro tome uma decisão nesse sentido.

As expectativas ligadas à divulgação do plano de negócios da companhia para o período entre 2015 e 2019 também pesaram sobre o desempenho dos papéis, de acordo com as avaliações, com a fraqueza do petróleo corroborando a trajetória descendente das cotações.

"O mercado de ações brasileiro teve novo dia de baixo volume, e qualquer notícia negativa, como esta do habeas corpus, é capaz de influenciar os preços dos papéis. A Bolsa tem andado de lado nos últimos pregões por causa da falta de novidades", disse Marcio Cardoso, sócio-diretor da corretora Easynvest.

"A situação econômica do país não mudou, continua complicada. Embora algumas análises sinalizem otimismo em relação às medidas que o ministro da Fazenda [Joaquim Levy] tem tomado, o empresariado nacional não está investindo. Não há clareza para investir. Não sabemos o rumo certo da inflação, não sabemos qual o tamanho do superavit primário que o governo vai atingir ou até o tamanho total do ajuste fiscal", completou Cardoso.

AGENDA

Indicadores domésticos colaboraram para ampliar o clima de cautela entre os investidores nesta quinta-feira. A arrecadação de impostos pelo governo caiu em maio para o pior resultado em cinco anos, enquanto a taxa de desemprego subiu para a máxima desde 2010.

O Tesouro Nacional ainda informou que o governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência Social) registrou deficit primário de R$ 8,051 bilhões em maio.

Na cena política, investidores repercutiram a aprovação do texto-base do projeto de lei que reduz desonerações na folha de pagamento. O analista Marco Aurélio Barbosa, da CM Capital Markets, destacou em nota a clientes a medida como negativa, afirmando que as mudanças podem levar a uma arrecadação menor do que se previa com a medida.

"O texto que foi aprovado com exceções pode criar uma brecha para que outros setores reivindiquem o mesmo beneficio", disse. Barbosa também chamou atenção para emenda incluída na MP 672 que amplia regras de reajuste do salário mínimo para todos os aposentados como mais um elemento para a "decepção" no mercado com o alcance do ajuste fiscal no Congresso.

No exterior, a maioria dos mercados acionários europeus fechou no vermelho, enquanto nos Estados Unidos as Bolsas de Nova York tinham leves quedas entre 0,20% e 0,42%. O desempenho ocorreu apesar do aumento de 0,9% nos gastos dos consumidores americanos em maio, o maior avanço desde agosto de 2009, sinalizando fortalecimento da maior economia do mundo.

No velho continente, os ministros de Finanças da zona do euro não chegaram a um acordo nesta quinta-feira para evitar o calote da Grécia a partir de julho. Foi a quarta vez que as negociações falharam em menos de uma semana. Os membros do bloco da moeda única cobraram da Grécia nova proposta para desbloquear uma ajuda de € 7,2 bilhões, a última parte do socorro externo de € 240 bilhões recebido desde 2010.

AÇÕES

Das 66 ações que compõem o Ibovespa, apenas 16 tiveram desempenho positivo, puxadas por BB Seguridade (2,53%), Lojas Renner (2,35%), MRV (2,21%) e TIM (1,53).

Depois de liderarem as perdas do Ibovespa na véspera, as ações da Cemig continuaram nesta quinta-feira a repercutir negativamente a decisão do Superior Tribunal de Justiça de negar pleito da companhia para renovar concessão da hidrelétrica Jaguara. Os papéis cederam 4,15%, para R$ 11,54 cada um.

Também em baixa, a Vale seguiu sofrendo com a desvalorização do preço do minério de ferro no mercado à vista da China –principal destino das exportações da mineradora brasileira. A desvalorização dos papéis preferenciais da companhia foi de 3,23%, para R$ 16,50 cada um.

No setor bancário, segmento com maior participação dentro do Ibovespa, tiveram perdas os bancos Itaú (-1,72%), Bradesco (-0,62%), Banco do Brasil (-1,26%) e Santander Brasil (-1,42%).

CÂMBIO

O dólar voltou a subir sobre o real nesta quinta-feira, com a cautela do mercado acerca da situação grega e a deterioração da economia brasileira. A perspectiva de entrada de recursos no país diante do ciclo de aumento dos juros, porém, amenizou o avanço da moeda americana, segundo operadores.

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,82% sobre o real cotado em R$ 3,116 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, avançou 0,87%, também para R$ 3,128.

As atuações do Banco Central do Brasil no câmbio continuaram sendo observadas pelo mercado, após a autoridade monetária ter reduzido ao longo do mês suas intervenções através da rolagem de contratos de swap cambial (operação que equivale a venda futura de dólares).

Na quarta-feira (17), o BC anunciou que passaria a fazer leilão de até 5.200 swaps cambiais diários para estender o vencimento do lote de contratos que vence em julho. Na semana anterior, a autoridade monetária vinha ofertando até 6.300 papéis por dia e, antes disso, até 7.000. Nesta quinta-feira, o BC vendeu todos os 5.200 swaps oferecidos na rolagem, por US$ 254,8 milhões.

Com Reuters


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