Folha de S. Paulo


Para Lula, 'defeitos' em ajuste fiscal poderiam ter sido corrigidos

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer crítica nesta quarta-feira (20) à maneira como foi realizado o ajuste fiscal do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.

Segundo ele, "defeitos" relativos às medidas provisórias que endurecem o acesso a direitos trabalhistas poderiam ter sido resolvidos em uma negociação com a classe trabalhadora.

Na semana passada, em evento também com sindicalistas, ele já havia avaliado que foi um "erro" alterar as regras do seguro-desemprego por meio de medida provisória.

Jorge Araújo/Folhapress
Ex presidente Lula em evento em São Paulo
Ex presidente Lula em evento em São Paulo

"O ajuste fiscal foi feito anteriormente, com cortes e fins de isenções. E junto misturou duas medidas provisórias, que tratavam de assuntos pertinentes aos trabalhadores e que alguns defeitos que tinham poderiam ser corrigidos em uma negociação com os trabalhadores. Isso estava acontecendo, até 29 de dezembro, quando tiveram de anunciá-lo", disse.

Segundo o petista, no ano passado, foi necessária a adoção do governo federal de uma política de desoneração de impostos como forma de garantir baixo índice de desemprego.

Em 2014, segundo ele, foram desonerados em isenção de impostos R$ 114 bilhões.

"Se a gente não tivesse desonerado tudo isso, não precisaríamos fazer corte. Mas por que foi feito isso? Para garantir que chegasse em dezembro do ano passado com 4,8% de desemprego no país", justificou.

O petista participou nesta quarta-feira (20) de seminário promovido pela Contraf (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), em um hotel da capital paulista.

No discurso, o ex-presidente disse ainda que não pedirá às centrais sindicais que não protestem contra o ajuste fiscal.

Ele lembrou que, à frente do Palácio do Planalto, nunca pediu para o movimento sindical não fazer greves ou ser subserviente à sua administração.

"Vocês podem estar mal com o presidente da República, mas não podem é estar mal com a categoria que vocês representam", disse.

O ajuste fiscal também foi criticado no evento sindical pelo presidente do Contraf, Roberto von der Osten. Em discurso, ele ressaltou que não apoiará nenhuma medida governamental que penalize o trabalhador brasileiro.

"Nós vimos medidas provisórias retirando direitos dos trabalhadores e, em seguida, um 'Plano Levy' de ajuste fiscal. E, quando ouvimos aquilo e o mercado recebeu com razoável alegria, pensamos que iam meter a mão no bolso do trabalhador. Bingo", disse.

Nas crítica à atual gestão, ele utilizou um bordão eleitoral de Dilma Rousseff: "Nós não vamos concordar que nossos direitos sejam retirados nem que a vaca tussa."


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