Folha de S. Paulo


Dólar sobe a R$ 3,12 com cenário externo; Petrobras tem alta de 3,8%

O dólar fechou em alta pelo segundo dia e atingiu R$ 3,12 nesta segunda-feira (13), acompanhando a valorização da moeda americana no exterior e após protestos realizados no último domingo (12).

Das 24 principais moedas emergentes, 23 se desvalorizaram em relação ao dólar.

O dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 1,72%, para R$ 3,125. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve alta de 0,97%, para R$ 3,11. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou praticamente estável, com leve alta de 0,05%, para 54.239 pontos.

As ações da Petrobras foram destaque de alta. As preferenciais, mais negociadas e sem direito a voto, subiram 3,81%, enquanto as ordinárias, com direito a voto, avançaram 4,99%, reagindo a notícias de que estatal poderá vender sua participação na petroquímica Braskem para fazer caixa, e também à perspectiva de divulgação do balanço auditado da estatal (leia mais abaixo).

A alta do dólar foi motivada por dados fracos da economia chinesa. O resultado da balança comercial do país mostrou queda nas exportações da segunda maior economia do mundo.

As exportações da China caíram 15% em março, enquanto as importações caíram 12,7% em comparação com um ano antes. Isso demonstra que a demanda doméstica se mantém fraca.

"A balança comercial chinesa veio abaixo das expectativas, o que evidencia a desaceleração econômica e pode afetar outras economias do mundo", afirma Roberto Indech, analista da corretora Rico.

Além disso, a balança mostrou que a China elevou sua compra de minério de ferro, o que pode afetar as exportações da Vale para o país asiático, devido à redução da demanda pelos produtos da mineradora. "Mas os dados também reforçam um movimento especulativo de investidores que imaginam que a China possa dar algum incentivo para sua indústria", ressalta Sidnei Nehme, economista e presidente da NGO Corretora.

Além da desaceleração da economia chinesa, a preocupação com um aumento de juros nos Estados Unidos também contribuiu para o comportamento do dólar nesta segunda, ressalta Nehme.

Com um aumento de juros nos EUA, os investimentos estrangeiros hoje em mercados emergentes, como o Brasil, devem ser atraídos para o país.

Diante da perspectiva de maior saída de dólares no mercado brasileiro, o preço da moeda americana sobe em relação ao real.

CENÁRIO DOMÉSTICO

Os protestos de domingo foram mais fracos que o previsto e não pressionaram a cotação do dólar nesta segunda, afirma Sidnei Nehme, da NGO. "A situação do governo melhorou, está mais tranquila. O governo recebeu respaldo das agência de risco S&P e Fitch, que mantiveram a nota de crédito do país. Com isso, ganhou tempo para fazer os ajustes", diz.

Por outro lado, a pesquisa Datafolha mostrando que a popularidade da presidente Dilma Rousseff parou de cair foi ofuscada pela notícia de que a maioria apoia a abertura de um processo de impeachment contra a presidente.

Para Marco Aurélio Barbosa, analista da corretora CM Capital Markets, o apoio dos consultados pela pesquisa Datafolha ao processo de impeachment é a informação mais importante a ser avaliada no cenário interno. "Esse dado é um enorme 'combustível político' para a oposição e até mesmo para setores governistas insatisfeitos", diz, em relatório.

"A articulação política vai ter que se desdobrar para evitar que pressões oportunistas da base aliada coloquem o governo no corner [quina] novamente e ameace os principais pontos do ajuste fiscal que estão tramitando no Congresso", ressalta.

BOLSA E PETROBRAS

A alta de mais de 3% das ações da Petrobras não conseguiu impulsionar o índice, pressionado pela queda das ações da Vale.

As ações da Petrobras subiram pelo terceiro dia, com a perspectiva de divulgação do balanço auditado na próxima semana. Além disso, notícia do site do "Valor" sobre a possibilidade de venda de participação da estatal na petroquímica Braskem para fazer caixa também impulsionou as cotações.

Os papéis preferenciais da estatal –mais negociados e sem direito a voto– subiram 3,81%, para R$ 12,27, enquanto os ordinários, com direito a voto, tiveram alta de 4,99%, para R$ 12,42.

Desde que atingiram seu menor patamar em dez anos, em 30 de janeiro, as ações da petrolífera já se valorizaram mais de 50%. Os papéis preferenciais acumulam ganho de 50%, enquanto os ordinários têm valorização de 54,5%.

"A proximidade da divulgação do balanço acaba com muitas incertezas que estavam depreciando o ativo. O mercado exagerou na baixa dos papéis da Petrobras", avalia Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.

As ações da Vale caíram, afetadas por relatório da agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) que indica que vai rebaixar os ratings da Vale e de outras sete mineradores, por conta da redução dos preços estimados para o minério de ferro neste e nos próximos anos.

Os papéis preferenciais da mineradora caíram 1,56%, para R$ 15,12. As ações ordinárias tiveram queda de 0,98%, para R$ 18,24.


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