A Sete Brasil, principal parceira da Petrobras na exploração do pré-sal, sofreu um duro golpe. Um de seus credores estrangeiros, o Standard Chartered Bank, entrou com pedido de execução de garantias do empréstimo concedido à empresa.
A Folha apurou que o banco já acionou o FGCN (Fundo Garantidor da Construção Naval), fundo administrado pela Caixa Econômica para assegurar o pagamento aos credores em caso de calote.
Em carta ao fundo, o Standard Chartered pede para sacar sua cota no fundo –o que pode ser negado pelo fundo.
A reportagem não obteve a informação do valor do empréstimo, mas apurou que é maior do que a cota do banco no fundo –um sinal de desespero diante da situação da Sete Brasil, já que prefere garantir um valor menor.
Envolvida na Operação Lava Jato, a companhia não consegue um financiamento de US$ 9 bilhões prometido pelo BNDES quando a empresa foi criada, em 2010.
Como não obteve os recursos do BNDES, a Sete tomou R$ 12 bilhões com bancos –alguns deles são também sócios no negócio. Esses empréstimos venceram, e a Sete não consegue pagá-los.
O Standard Chartered fez parte de um grupo de bancos estrangeiros que, juntos, concederam R$ 2,6 bilhões à Sete. Esses financiamentos, chamados empréstimos-ponte, venceram novamente nesta terça (17). Eles já tinham sido renegociados anteriormente. O Standard foi o primeiro a "jogar a toalha" porque não acredita que haverá uma saída para a Sete.
AGONIA
A solução que está na mesa é do BNDES. Como revelou a Folha, o banco estatal propôs liberar os US$ 9 bilhões que tinha prometido à Sete diretamente para os bancos credores. Assim, ele repassará o risco do negócio para as instituições financeiras.
Os credores não querem aceitar a proposta. Dizem que só financiaram a Sete porque o governo, via BNDES, tinha se engajado no projeto com a promessa do financiamento de longo prazo.
O prazo final para decidirem o salvamento da empresa é 31 de março. Se os bancos não aderirem, a empresa pode quebrar. Caso eles cheguem a um acordo, o banco britânico pode suspender a execução das garantias.
O impasse se agravou após Pedro Barusco, ex-diretor de operações da Sete, confessar ter cobrado propina dos estaleiros contratados para fazer as sondas –reproduzindo na Sete os desvios praticados na Petrobras quando foi gerente da estatal.
Desde então, o BNDES exige mais garantias para liberar o recurso. Até a presidente Dilma pressionou para ajudar a empresa. Com a demora do BNDES, a Sete atrasa pagamentos, comprometendo a construção das sondas.
A Sete não se pronunciou. A reportagem não conseguiu contato com o Standard até o fechamento desta edição.
Editoria de Arte/Folhapress | ||