Folha de S. Paulo


Crise da energia também é chance de elevar lucros de multinacionais

Se por um lado a crise de energia é apontada como problema para muitas empresas, pois representa aumento de custos, a alta dos preços praticados no Brasil é vista como oportunidade de negócios para algumas multinacionais.

"Posicionamos o nosso portfólio no Brasil de forma a nos beneficiar da escassez de energia. Esperamos que os preços continuem altos", disse Sachin Shah, diretor financeiro da Brookfield Renewable Energy, que no Brasil opera Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs).

Para a Cummins, que sentiu na área de motores os reflexos da queda na venda de caminhões, a crise de energia também teve efeitos positivos, devido ao aumento na demanda por geradores.

A Ceres, que produz sorgo para a cogeração de energia elétrica, vê oportunidade com a alta das tarifas. "Aumentamos a área plantada com sorgo de 1.000 para 4.000 hectares em comparação com a safra passada", disse Richard Hamilton, presidente da companhia.

Ainda na área de energia, o aumento da mistura de etanol à gasolina, de 25% para 27% a partir de março, foi destacado pelas multinacionais como um incentivo ao aumento da produção do biocombustível, o que poderia impactar empresas como a FMC (defensivos) e a Novozymes (biotecnologia).

A comercializadora de etanol Green Plains vê, inclusive, oportunidade de exportação de etanol ao Brasil. E empresas americanas, que são rivais do Brasil no mercado internacional, consideram que há menor competição no exterior neste ano devido ao aumento da demanda no mercado brasileiro.

O otimismo não é exclusividade do setor de energia –as empresas de tecnologia estão animadas. "Nos países emergentes, que têm sido fonte de muitas perguntas recentemente, o crescimento tem sido absolutamente impressionante, com as vendas de iPhone mais que dobrando ano a ano no Brasil e na China", disse Tim Cook, presidente da Apple.

A Alliance Data Systems (de serviços para bancos) também tem boas perspectivas. Espera repetir neste ano o crescimento de 30%, verificado no país em 2014.


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