Folha de S. Paulo


Steve Jobs foi mais questionado que sucessor, Tim Cook, na Apple

Como suceder Steve Jobs? Esta era uma das perguntas mais frequentes em agosto de 2011 quando Tim Cook assumiu o comando da Apple no lugar do visionário fundador da empresa. Mas, ao menos para os acionistas, a volta de Jobs à presidência da Apple foi muito mais questionada.

Jobs retornou ao principal posto da Apple em setembro de 1997, 12 anos depois de deixar a empresa, e, três meses depois do regresso, as ações acumulavam queda de 14%.

Monica M. Davey/Efe
Tim Cook (à esquerda) e Steve Jobs, na sede da Apple em 2007
Tim Cook (à esquerda) e Steve Jobs, na sede da Apple em 2007

Cook, por sua vez, apesar das dúvidas que permeavam a sua chegada ao comando (a principal era de ser um executivo do dia a dia da empresa, e não uma pessoa criativa), encerrou o seu primeiro trimestre com uma queda mais modesta: 3%.

A diferença no tratamento do mercado é explicada pelos momentos distintos da empresa e é um retrato do que costuma acontecer nas trocas de comando de companhias.

Jobs voltou para uma companhia que vinha perdendo relevância no mercado de tecnologia, com receita em queda e acumulando prejuízos.

Para conter essa situação, era preciso uma reviravolta, um cenário sempre visto com cautela por acionistas –mas que premiou quem manteve seu investimento: as ações subiram quase 7.000% no período de Jobs na presidência-executiva.

Cook, mesmo com os questionamentos sobre sua capacidade como gestor principal pegou uma empresa em alta, líder de mercado e que tinha projetos encaminhados para os próximos anos.

Ou seja, o lucro nos trimestres seguintes era quase uma garantia, a grande questão era sobre o sucesso da empresa no longo prazo.

A resposta de Cook veio com novos iPhones e, principalmente, com produtos novos, como o Apple Watch e o Apple Pay, que levaram a empresa a áreas antes não exploradas (moda e finanças, por exemplo), recapturando um espírito de inovação que muita gente temia ter morrido com Jobs.

A resposta dos investidores não foi tão estrondosa como a com Jobs (alta de 176% nas ações nos mais de três anos de Cook no posto principal), mas a situação da empresa é muito distinta.

Se Jobs voltou para uma empresa em pleno declínio, Cook assumiu a Apple já como uma gigante. Ela é hoje a maior companhia do mundo em valor de mercado, avaliada em US$ 693 bilhões, 79% a mais do que a segunda colocada, a petroleira ExxonMobil, até pouco tempo atrás líder absoluta do ranking.


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