Folha de S. Paulo


Estatais e pessimismo no exterior derrubam Bolsa; dólar sobe

As estatais e o pessimismo com dados ruins de Estados Unidos e China fazem a Bolsa brasileira cair nesta quarta-feira (15), em linha com o exterior. No mercado cambial, o dólar avança.

Às 14h49, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, caía 4,69%, a 55.293 pontos. Das 70 ações negociadas, 69 caíam e uma se mantinha inalterada no horário.

Os investidores aproveitam o dia para analisar o resultado do debate presidencial da noite de terça-feira, marcado por acusações entre os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).

"Quando o debate se mostra favorável à troca de governo, o mercado tem um sentimento mais otimista. Quando se pesa uma continuidade do governo, o mercado cai. Houve um sentimento de que o Aécio não conseguiu se contrapor à Dilma e obter certa vantagem", afirma Joel Medeiros, supervisor da mesa de ações da corretora Geral Investimentos.

Além disso, o mercado aguarda a divulgação das pesquisas Datafolha e Ibope sobre intenção de voto, previstas para esta noite.

"Se o mercado está nessa toada de baixa, deve ter saído alguma pesquisa de tracking que mostra um resultado de Datafolha e Ibope mais perto de Vox Populi do que de Sensus", afirma Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.

A pesquisa Vox Populi mostrou empate técnico entre Dilma e Aécio, com vantagem numérica para a presidente. Segundo o levantamento realizado no sábado e domingo, Dilma tem 45% das intenções de voto contra 44% de Aécio.

Já a Sensus mostrou o candidato tucano à frente de Dilma. De acordo com o levantamento, ele teve 52,4% das intenções de voto, enquanto a presidente foi preferida por 36,7% dos entrevistados.

No cenário doméstico, o comércio registrou crescimento de 1,1 % de julho para agosto, num primeiro sinal de melhora do nível de atividade do setor.

Na comparação com agosto de 2013, o varejo mostrou uma queda 1,1%. Já nos oito primeiros meses deste ano, o setor acumula uma alta de 2,9%. A taxa em 12 meses encerrados em agosto aponta uma expansão de 3,6%, de acordo com dados do IBGE.

EXTERIOR

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo caíram em setembro mesmo descontando a fraqueza em concessionárias de automóveis e postos de combustíveis, oferecendo sinal surpreendentemente cauteloso sobre a força da demanda do consumidor.

O Departamento do Comércio informou nesta quarta-feira que as vendas totais no varejo recuaram 0,3% no mês. Quedas nas vendas em postos de gasolina e em concessionárias pesaram sobre a leitura.

Na China, a inflação ao consumidor desacelerou mais do que o esperado em setembro, para perto da mínima em cinco anos, ampliando as preocupações de que o crescimento global está esfriando mais rápido do que o esperado a menos que governos adotem medidas mais ousadas para sustentar suas economias.

O índice de preços ao consumidor subiu 1,6% em setembro ante o ano anterior, informou a Agência Nacional de Estatísticas nesta quarta-feira, contra expectativas do mercado de alta de 1,7% e ante 2% em agosto.

"O conjunto de dados divulgados nos EUA, na Europa e na China mostram um desaquecimento global. E isso hoje está pesando bastante", afirma André Moraes, analista da corretora Rico.

"A China é extremamente importante, porque é o país que mais cresce no mundo. Mesmo quando há uma possibilidade de diminuir o crescimento, o mundo inteiro sente", completa.

Para esta tarde está prevista a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve (Fed, banco central americano), elaborado com base em informações sobre a atividade empresarial coletada com contatos em todos os Estados Unidos.

O relatório espelha indicadores de emprego, manufatura e outros dados que indicaram crescimento forte no segundo trimestre e impulsionaram as perspectivas para o resto do ano.

"Não deve ter muita surpresa. O que todo mundo espera é uma sinalização de aumento de juros nos EUA. Acho que não vai ter, mas, se tiver, a nossa Bolsa pode acentuar a queda", diz Moraes.

Na Europa, as Bolsas despencaram nesta quarta-feira, com preocupações sobre a fraca atividade econômica global ainda assombrando os investidores.

Em Londres, o índice FTSE 100 perdeu 2,83%, a 6.211 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve queda de 3,63%, a 3.939 pontos, enquanto a Bolsa alemã encerrou o dia com desvalorização de 2,87%, a 8.571 pontos.

Na Espanha, o Ibex 35 perdeu 3,59%, a 9.838 pontos, enquanto em Milão o MIB fechou com baixa de 4,44%, a 18.304 pontos. Em Lisboa, o PSI 20 caiu 3,21%, a 5.079 pontos.

AÇÕES

As ações da Petrobras lideram as baixas na sessão, ao caírem mais de 8%, mesmo com notícias favoráveis à empresa. A queda forte do preço do petróleo zerou a defasagem entre os preços da gasolina e do diesel praticados no Brasil e no exterior. A notícia é um alívio para a situação financeira da Petrobras e o governo já cogita não reajustar os combustíveis este ano.

Às 14h46, as ações preferenciais da petrolífera, as mais negociadas, caíam 8,77%, a R$ 19,75. Já as ações ordinárias, com direito a voto, perdiam 8,57%, a R$ 18,67, no mesmo horário.

Os papéis do Banco do Brasil caíam 5,55%, a R$ 31,43, às 14h46. Já os papéis preferenciais da Eletrobras tinham perda de 5,24%, a R$ 9,93, e os ordinários caíam 7,07%, a R$ 6,57, às 14h47.

No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco caíam 5,78%, a R$ 36,13, às 14h47. As ações do Bradesco tinham desvalorização de 6,32%, a R$ 37,19, no mesmo horário.

Após subir por dois pregões seguidos, as ações da Vale caem nesta quarta-feira. Os papéis preferenciais da mineradora tinham perda de 2,70%, a R$ 24,13, e os ordinários sofriam redução de 2,36%, a R$ 27,64, às 14h48.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar opera em alta em relação ao real nesta quarta-feira. Às 14h48, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, subia 2,43%, a R$ 2,455. O dólar comercial, usado em transações no comércio exterior, tinha alta de 2,20%, a R$ 2,453.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias no mercado de câmbio, com oferta de 4.000 contratos de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. Foram vendidos 2.200 contratos para 1º de junho e 1.800 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,5 milhões.

O BC também vendeu nesta sessão a oferta total de 8.000 contratos de swap para rolagem dos contratos que vencem em 3 de novembro. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de metade do lote total, equivalente a US$ 8,84 bilhões.


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