Folha de S. Paulo


Bolsa tem leve alta com ajuda de Vale e bancos; dólar avança

As ações da mineradora Vale e de bancos levaram a Bolsa a fechar, nesta terça-feira (14), com leve alta pela segunda sessão seguida, um dia antes da divulgação de pesquisas eleitorais Datafolha e Ibope e em meio a um cenário externo marcado por notícias negativas.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou em alta de 0,10%, a 58.015 pontos. Das 70 ações negociadas, 34 encerraram o pregão com valorização, 32 com perdas e quatro se mantiveram inalteradas.

De acordo com analistas, a alta da Bolsa é resultado da expectativa com a divulgação de pesquisas Ibope e Datafolha nesta quarta-feira.

"Os investidores aguardam as pesquisas eleitorais do Datafolha e do Ibope para ver se confirmam a sondagem do Sensus, que mostrou distância de Aécio Neves (PSDB) em relação à presidente Dilma Rousseff (PT), afirma Eduardo Velho, economista-chefe da gestora de recursos Invx Global.

"As pessoas compraram a ideia de que as pesquisas vão captar as denúncias envolvendo a Petrobras, além do fator emocional da liderança do Aécio. O diferencial de votos deve aumentar no Ibope e Datafolha e, com isso, a tendência é de alta", avalia

Os investidores também observaram a sondagem da Vox Populi que mostrou empate técnico entre Dilma e Aécio, com vantagem numérica para a presidente.

Segundo o levantamento realizado no sábado e domingo, Dilma tem 45% das intenções de voto contra 44% de Aécio. A margem de erro da pesquisa é de 2,2 pontos percentuais. Os eleitores que planejam votar em branco ou nulo somam 5%, e os indecisos outros 5%.

Considerando apenas os votos válidos (que excluem os brancos, nulos e indecisos), a presidente tem 51% e o tucano soma 49%.

"Os investidores começaram o dia embolsando lucro após a alta de segunda-feira [a maior desde agosto de 2011]. Em relação à pesquisa, achei que o mercado fosse repercutir mais os dados. Sem dúvida, a reeleição de Dilma terá impacto negativo sobre a Bolsa, por causa do intervencionismo nas estatais", afirma Ivo Seixas, analista da UM Investimentos.

Hoje à noite haverá o primeiro debate dos presidenciáveis no segundo turno, na TV Bandeirantes. Para Seixas, o resultado poderá influenciar a Bolsa nesta quarta-feira.

Os investidores também estiveram atentos a dados do exterior nesta sessão. A produção industrial da zona do euro caiu mais do que o esperado em agosto, principalmente devido à queda na produção de bens de capital que são usados para investimento, informou a agência de estatísticas da União Europeia, Eurostat, nesta terça-feira.

A Eurostat informou que a produção nos 18 países que usam o euro caiu 1,8% em agosto sobre julho e 1,9% sobre um ano antes. A agência também revisou para baixo o crescimento da produção industrial em julho para 0,9% sobre o mês anterior, contra 1,0% divulgado anteriormente, e para 1,6% na comparação anual, ante 2,2%.

Nesta quarta-feira o Federal Reserve (Fed, banco central americano) divulga o Livro Bege, elaborado com base em informações sobre a atividade empresarial coletada com contatos em todos os Estados Unidos. O relatório espelha indicadores de emprego, manufatura e outros dados que indicaram crescimento forte no segundo trimestre e impulsionaram as perspectivas para o resto do ano.

AÇÕES

Os papéis da Vale e de bancos ajudaram a sustentar o Ibovespa. As ações preferenciais da mineradora encerraram o dia com alta de 2,90%, a R$ 24,80, enquanto as ordinárias tiveram avanço de 2,98%, a R$ 28,31.

"Na segunda-feira saiu dado de balança comercial da China, mostrando que as importações de minério de ferro estão se recuperando. O preço subiu 4% ontem e hoje teve leve alta", afirma Bruno Gonçalves, analista-chefe da Alpes Corretora.

"Além disso, os estoques na China recuaram, o que sugere que os patamares de preços devem ter marcado um mínimo e devem se recuperar. É uma notícia positiva para a Vale", completa.

Os bancos também avançaram. As ações do Itaú subiram 0,92%, a R$ 38,35, e as do Bradesco fecharam com alta de 1,38%, a R$ 39,70.

Entre as estatais, as ações preferenciais da Petrobras, as mais negociadas, fecharam com queda de 2,17%, a R$ 21,65, e as ordinárias, com direito a voto, caíram 1,59%, a R$ 20,42.

Os papéis do Banco do Brasil perderam 0,60%, a R$ 33,28. As ações preferenciais da Eletrobras encerraram com queda de 0,66%, a R$ 10,48, e as ordinárias tiveram desvalorização de 1,12%, a R$ 7,07.

A maior baixa do Ibovespa ficou com a Cielo, que caiu 6,32%, a R$ 38,66, após decisão da Justiça Federal no Rio de Janeiro que proibiu a companhia de usar a marca, em uma disputa com o nadador Cesar Cielo. A empresa afirmou que vai recorrer da decisão, que é de primeira instância.

DÓLAR

No mercado cambial, o dólar subiu em relação ao real nesta terça-feira, em linha com as principais moedas emergentes. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, subiu 0,45%, a R$ 2,396. O dólar comercial, usado nas transações no comércio exterior, avançou 0,29%, a R$ 2,40.

Nesta manhã, o Banco Central deu continuidade às intervenções diárias que faz no mercado cambial e ofereceu 4.000 contratos de swap cambial (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) com vencimentos em 1º de junho e 1º de setembro de 2015. Foram vendidos 2.300 contratos para 1º de junho e 1.700 para 1º de setembro de 2015, com volume correspondente a US$ 197,4 milhões.

O BC também rolou nesta sessão os 8.000 contratos de swap que vencem em 3 de novembro, que equivalem a US$ 8,84 bilhões. Até agora, a autoridade monetária já rolou 45% do lote total.


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