Folha de S. Paulo


Reação de Dilma em pesquisas faz Bolsa perder 6% em uma semana

O principal índice da Bolsa brasileira fechou esta quarta-feira (10) em queda pelo sexto dia, com investidores avaliando os resultados de pesquisas eleitorais que mostraram empate técnico entre Marina Silva (PSB) e a presidente Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno da eleição presidencial de outubro.

O Ibovespa cedeu 0,81%, para 58.198 pontos. Após seis quedas, o índice perdeu 3.697 pontos, ou 5,97%, desde a última quarta-feira (3). O volume financeiro movimentado hoje foi de R$ 7,886 bilhões –abaixo da média diária do mês de setembro, de R$ 8,310 bilhões.

Analistas ouvidos pela Folha dizem que a pesquisa Vox Populi divulgada nesta quarta voltou a preocupar o mercado ao mostrar que a ex-ministra Marina Silva (PSB) teria 42% das intenções de voto contra 41% da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno do pleito presidencial de outubro.

Segundo a pesquisa, publicada no site da revista Carta Capital, Dilma lidera no primeiro turno com 36% das intenções de voto, ante 28% de Marina e 15% de Aécio Neves, do PSDB. O levantamento é o primeiro do instituto Vox Populi para a revista Carta Capital desde a entrada de Marina na corrida presidencial no lugar de Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo em agosto.

A condição de empate técnico também foi vista na pesquisa CNT/MDA divulgada ontem, na qual a presidente Dilma diminuiu a diferença para a ex-ministra em um eventual segundo turno, com 42,7% das intenções de voto, enquanto Marina teria 45,5%.

A avaliação é que a recuperação do PT nas pesquisas preocupa os investidores, que estão insatisfeitos com a gestão das estatais pelo atual governo. Por isso, crescem as expectativas pela divulgação de novas pesquisas Datafolha e Ibope previstas para esta semana, de acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na semana passada, tanto Datafolha quanto Ibope mostraram que Dilma ganhou espaço na corrida presidencial.

"É certo que o mercado fica mais temeroso conforme o governo ganha espaço na corrida eleitoral ou menos temeroso se a oposição avança", diz Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora. "CNT/MDA e Vox Populi são pesquisas de menor peso e já causaram estresse na Bolsa. O receio é que levantamentos mais relevantes, como Datafolha e Ibope, ambas previstos para esta semana, possam confirmar uma recuperação de Dilma".

Para William Araújo, executivo da equipe de análise da UM Investimentos, o Ibovespa vai continuar à mercê dos resultados de pesquisas, uma vez que o índice já está descolado das Bolsas internacionais há alguns meses. "Os investidores estão esperando mais dados antes de assumirem uma posição".

PAPÉIS

Entre as estatais, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras perderam 2,47%, para R$ 20,95 cada uma. O Banco do Brasil mostrou baixa de 1,58%, a R$ 31,84. Já o papel ordinário (com direito a voto) da Eletrobras, depois de ter caído mais de 1% ao longo do dia, teve valorização de 0,82%, para R$ 7,35.

Entre os bancos privados, o Itaú Unibanco perdeu 1,08%, a R$ 38,48, enquanto as ações preferenciais do Bradesco mostraram recuo de 2,47%, para R$ 38,25. Já o Santander Brasil registrou leve desvalorização de 0,13%, a R$ 15,78. Na noite de terça-feira, o presidente do Grupo Santander, Emilio Botín, morreu após ter sofrido um ataque cardíaco.

Os papéis preferenciais da Vale cederam 0,60%, para R$ 24,98 cada um, ajudando a empurrar o Ibovespa para baixo. Os preços do minério de ferro voltaram a cair nesta quarta-feira na China e atingiram seu menor nível em cinco anos, o que levou o Goldman Sachs a alertar que a commodity entrou numa nova fase.

"Na nossa visão, 2014 é o ponto de inflexão onde nova capacidade de produção finalmente alcança o crescimento da demanda e as margens de lucro começam sua reversão para a média histórica; em outras palavras, chegamos ao fim da Idade do Ferro", disseram os analistas do Goldman Christian Lelong e Amber Cai em um relatório nesta quarta.

CÂMBIO

Na contramão da Bolsa, o dólar fechou em alta pelo quinto dia. A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, teve valorização de 0,65% sobre o real, cotada em R$ 2,296 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subiu 0,21%, para R$ 2,291.

Além da aversão ao risco que espantou investidores da Bolsa, também pesou sobre o câmbio especulações de que o Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos) poderá subir os juros naquele país antes do esperado, segundo operadores.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 500 com vencimento em 1º de junho de 2015 e 3.500 com vencimento em 1º de setembro de 2015, pelo total de US$ 197,5 milhões.

A autoridade também promoveu um novo leilão para rolar 6 mil contratos de swap que vencem em 1º de outubro, por US$ 296,2 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 13% dos contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Com Reuters


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