Folha de S. Paulo


Bolsa volta a cair e perde os 58 mil pontos com corrida eleitoral em foco

O principal índice da Bolsa brasileira registra queda nesta quarta-feira (10), conforme o mercado digeria os desdobramentos da corrida eleitoral no Brasil e dava sequência ao movimento de realização de lucros iniciado na semana passada após meses seguidos de forte alta do Ibovespa.

Às 11h50, a desvalorização do índice era de 1,32%, para 57.901 pontos. O volume financeiro era de R$ 2,061 bilhões. A baixa era estimulada, principalmente, pela perda de papéis do setor financeiro e pelas ações da Petrobras e da Vale.

Os investidores repercutem a pesquisa Vox Populi divulgada nesta quarta, que mostrou a ex-ministra Marina Silva (PSB) com 42% das intenções de voto contra 41% da presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) em um eventual segundo turno do pleito presidencial de outubro.

Segundo a pesquisa, publicada no site da revista Carta Capital, Dilma lidera no primeiro turno com 36% das intenções de voto, ante 28% de Marina e 15% de Aécio Neves, do PSDB. O levantamento é o primeiro do instituto Vox Populi para a revista Carta Capital desde a entrada de Marina na corrida presidencial no lugar de Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo em agosto.

A condição de empate técnico também foi vista na pesquisa CNT/MDA divulgada ontem, na qual a presidente Dilma diminuiu a diferença para a ex-ministra em um eventual segundo turno, com 42,7% das intenções de voto, enquanto Marina teria 45,5%.

Segundo analistas, a ligeira recuperação do PT nas pesquisas preocupa os investidores, que estão insatisfeitos com a gestão das estatais pelo atual governo, mas lembram que em ambos os levantamentos a candidata do PSB venceria a eleição no segundo turno. Por isso, crescem as expectativas pela divulgação de novas pesquisas Datafolha e Ibope previstas para esta semana, de acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

PAPÉIS

Entre as estatais, as ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras perdiam 2,51%, às 11h50, para R$ 20,94 cada uma. O Banco do Brasil mostrava baixa de 1,88%, a R$ 31,74. Já o papel ordinário (com direito a voto) da Eletrobras tinha desvalorização de 0,68%, para R$ 7,24.

Entre os bancos privados, o Itaú Unibanco perdia 1,87%, a R$ 38,17, enquanto as ações preferenciais do Bradesco mostravam recuo de 2,49%, para R$ 38,24. Já o Santander Brasil registrava leve desvalorização de 0,18%, a R$ 15,77. Na noite de terça-feira, o presidente do Grupo Santander, Emilio Botín, morreu após ter sofrido um ataque cardíaco.

Os papéis preferenciais da Vale cediam 1,35%, às 11h50, para R$ 24,79 cada um, ajudando a empurrar o Ibovespa para baixo. Os preços do minério de ferro voltaram a cair nesta quarta-feira na China e atingiram seu menor nível em cinco anos, o que levou o Goldman Sachs a alertar que a commodity entrou numa nova fase.

"Na nossa visão, 2014 é o ponto de inflexão onde nova capacidade de produção finalmente alcança o crescimento da demanda e as margens de lucro começam sua reversão para a média histórica; em outras palavras, chegamos ao fim da Idade do Ferro", disseram os analistas do Goldman Christian Lelong e Amber Cai em um relatório nesta quarta.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar passa por um novo dia de pressão, depois de quatro altas consecutivas. Às 11h50 (de Brasília), a moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, tinha valorização de 0,55% sobre o real, cotada em R$ 2,294 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, subia 0,39%, para R$ 2,295.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 swaps cambiais (operação que equivale a uma venda futura de dólares), sendo 500 com vencimento em 1º de junho de 2015 e 3.500 com vencimento em 1º de setembro de 2015, pelo total de US$ 197,5 milhões.

A autoridade promoverá, até o final da manhã, um novo leilão para rolar até 6 mil contratos de swap que vencem em 1º de outubro. Até o momento, o BC já rolou cerca de 9% dos contratos com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Com Reuters


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