Folha de S. Paulo


No teatro, Antônio Ermírio deu espaço a ideias

As três peças de Antônio Ermírio de Moraes derivam de sua experiência como colunista da Folha, entre 1991 e 2009. O empresário achou que suas ideias precisavam de mais espaço, como contou depois, e foi escrever para teatro, onde elas "penetram fundo e atingem a alma".

Seu guia na empreitada foi o dramaturgo Marcos Caruso, da bem-sucedida "Trair e Coçar, É Só Começar".

"Brasil S.A." estreou em 1996 e mostrou qualidades ao retratar as agruras de um empresário idealista, feito pelo ator Rogério Fróes.

Arriscou até alguma autocrítica, na voz de uma empregada: "Êta homem tarado por trabalho. Tem raiva até das minhas férias". Conseguiu risadas, mas no mais era um melodrama maniqueísta, com o bem derrotando o mal ao ritmo de telenovela.

Avançou como autor para a sua segunda peça, "S.O.S. Brasil", que estreou em 1999.

Agora havia conflito, não só discurso retórico. Por outro lado, Ermírio estava menos esperançoso com o país –ou com a saúde nacional, como retratada amargamente num hospital em crise.

Nas duas peças, o autor se fez presente por meio de personagens que refletiram experiências suas. Na terceira, conseguiu distanciar-se mais.

"Acorda Brasil", de 2006, é sobre um músico que dá aulas na periferia, inspirado no maestro Silvio Bacarelli e na criação da Orquestra Sinfônica Heliópolis.

Ainda que tenha se aperfeiçoado como dramaturgo, o que interessou Ermírio ao longo das três peças, como sempre afirmou, foram as ideias.


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