Folha de S. Paulo


Petrobras interrompe fornecimento de óleo a térmicas da Eletrobras no Norte

A decisão da Petrobras de suspender o fornecimento de óleo combustível para o Sistema Eletrobras por uma dívida de R$ 850 milhões afetou o funcionamento de pelo menos duas térmicas no fim de semana.

O fornecimento de óleo está suspenso desde sexta-feira (1º), depois de a Petrobras ter avisado que, a partir daquele dia, só venderia óleo às térmicas da Eletrobras à vista, devido ao débito.

O boletim do ONS (Operador Nacional de Sistema Elétrico), porém, não relata interrupção no fornecimento.

Segundo a Eletrobras, a suspensão no fornecimento de óleo não trouxe prejuízos ao fornecimento de energia elétrica da região, uma vez que a carga não gerada foi compensada por outras usinas e por energia vinda de outras regiões do país, às quais o Norte está sendo gradualmente conectado.

De acordo com o ONS, a térmica Mauá, da Amazonas Energia, deveria ter gerado 194 MW, mas gerou 168 MW, em metade do dia no sábado e durante todo o domingo, "devido à menor disponibilidade de combustível".

Já a térmica Termonorte 2, da Eletrobras Rondônia, previa gerar 320 MW mas gerou 130 MW no sábado e no domingo, "por solicitação do ONS, devido a problemas no abastecimento de combustível para a usina". O ONS não comentou.

CALOTE INVOLUNTÁRIO

De acordo com a Eletrobras, a falta de pagamento à Petrobras se deve à suspensão dos repasses, pelo Tesouro, de recursos da chamada Conta de Consumo de Combustível. Essa conta é abastecida por todos os consumidores brasileiros via conta de luz.

Os recursos da conta pagam o óleo combustível usado em usinas térmicas em regiões não atendidas pelo SIN (Sistema Interligado Nacional), conjunto de linhas que permite a migração de energia no país. Como o Norte não é ainda totalmente interligado, depende de usinas térmicas a óleo para o abastecimento da região.

A Petrobras enviou, na quinta-feira (31), uma carta avisando que só forneceria óleo à Eletrobras, a partir de 1º de agosto, mediante pagamento à vista. Foi o terceiro aviso.
Eletrobras e Petrobras estão negociando o pagamento da dívida.

Segundo a Eletrobras, serão usados R$ 450 milhões dos R$ 6,5 bilhões obtidos em julho por meio de um financiamento com a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil para resolver parcialmente a questão. O resto está sendo negociado entre as estatais.

Procurada, a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, informou que "não comenta questões comerciais".


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