O ministro Guido Mantega (Fazenda) confirmou nesta segunda-feira (28) que o governo estuda programas de apoio à indústria automotiva. Na sua avaliação, trata-se de um setor que tem relevância na economia e na geração de empregos.
"Estamos negociando com a Argentina a liberação de entraves para a exportação de automóveis e viabilizando o financiamento, que será privado, com algumas condições", afirmou o ministro, sem dar mais detalhes sobre o pacote.
"Nós temos praticado estímulos para vários setores, principalmente para os que mais explicam o crescimento do PIB ou que vão ter problemas com o emprego. Nós nunca deixamos um setor aumentar o desemprego, nós sempre tomamos medidas."
O setor tem sofrido com exportações menores para a Argentina, em razão da crise cambial no país vizinho. Com falta de dólares, o governo de Cristina Kirchner tem dificultado compras de argentinos no exterior.
No mercado brasileiro, as vendas de automóveis também patinam e, para o governo, isso ocorre em função da escassez de crédito para consumidores. O governo negocia com o setor a criação de um fundo garantidor, para reduzir a resistência dos bancos em emprestar. O mecanismo evitaria perdas das instituições financeiras em caso de calote.
Com mais disponibilidade de crédito, seria possível melhorar as condições de financiamento para consumidores, o que tenderia a ampliar as vendas.
Um dos mecanismos já adotados pelo governo para incentivar a venda de automóveis é a redução do IPI, ainda parcialmente em vigor. Entre 2009 e 2013, segundo a Receita Federal, o governo abriu mão de R$ 16,687 bilhões na arrecadação do imposto.
NOVA LOCOMOTIVA
Embora a projeção oficial de crescimento do PIB neste ano seja de 2,5%, o ministro sugeriu hoje que pode ficar em um intervalo ligeiramente inferior, entre 2,3% e 2,5%.
"Uma previsão não é precisa, é algo entre 2,3% e 2,5%. A gente vai revendo esse número à medida que vamos tendo resultados concretos", disse.
O ministro afirmou que vislumbra um novo ciclo de crescimento para o país, em que os investimentos deverão ser a "locomotiva" da economia até 2022.
A projeção da Fazenda é um crescimento do PIB de 3% no ano que vem e 4% em 2016 e 2017. Neste cenário, o investimento cresceria a uma taxa anual média de 7% entre 2014 e 2022, o que representa um aumento ante o observado entre 2003 e 2013 - quando o investimento cresceu, em média, 6,1% ao ano, segundo o ministro.
"Ouso dizer que estamos melhorando e vamos ter um bom desempenho nos próximos anos", afirmou o ministro.
Mantega disse ter usado a palavra"ousar" devido ao pessimismo instalado no país. "Hoje temos mais pessimistas do que otimistas no Brasil", reconheceu.
Na sua avaliação, essa perspectiva negativa sobre a economia brasileira é "resultado da grande crise que afetou a maioria dos países há cinco anos". E ocorreu também em outros países emergentes.
O ministro fez um discurso otimista, em evento organizado pela revista "Brasileiros", em São Paulo. Disse que os investimentos estrangeiros produtivos seguem firmes e que a aceleração da inflação é passageira.
Ele ressaltou ainda o aumento de investimentos sociais do governo, como em educação, e disse que o Minha Casa, Minha Vida é uma das alavancas do crescimento do país.