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Sem "efeito feriado", exportação cai 1,6% no primeiro bimestre na China

As exportações chinesas registraram uma queda de 18,1% em fevereiro em relação ao mesmo mês do ano anterior, em dólares, queda bem maior que a esperada por analistas, mas resultante do feriado do Ano Novo Lunar, que, neste ano, ocorreu em 30 de janeiro.

Olga Lysloff/Folhapress
Dragão símbolo do Ano Novo Chinês, em São Paulo
Dragão símbolo do Ano Novo Chinês, em São Paulo

A maioria do país reduz a atividade econômica por ao menos dez dias durante o feriado, o que prejudicou as transações no começo do mês passado.

Em janeiro, as exportações haviam registrado alta de 10,6% sobre o mesmo período do ano passado. A alta também foi influenciada pelo ano novo chinês, que, em 2013, caiu em janeiro, reduzindo a base de comparação daquele mês.

Para ajustar a distorção, Pequim geralmente compara números de dois meses combinados, e com base nisso, as exportações da China diminuiu apenas 1,6% no primeiro bimestre.

As importações nos dois primeiros meses subiram 10% ante o ano anterior.

NÚMEROS DISTORCIDOS
O governo chinês também reconheceu que os dados comerciais dos primeiros meses do ano passado podem estar fortemente distorcidos por fluxos de capital disfarçados de exportações, para burlar os controles de capital da China.

Isso tornou-se uma prática cada vez mais comum: investidores internacionais trazem dinheiro para a China para lucrar com as relativamente altas taxas de juros e a defasagem da moeda chinesa, o yuan, em relação ao dólar.

O governo prometeu acabar com esta prática no início do ano passado e nas últimas semanas o banco central chinês projetou a maior volatilidade no valor do yuan em uma década, em uma tentativa de desencorajar tal especulação e o fluxo irregular de capital.

Uma medida de quão bem-sucedido o banco tem sido pode ser vista em números do comércio da China com Hong Kong, o porto favorecido para a entrada irregular de capital disfarçado como comércio exterior. As cifras movimentadas pelo porto caíram mais de 20% em fevereiro, ante o ano anterior.

"Esperamos que os números do comércio sejam mais real nos próximos meses, já que o yuan se tornou muito mais volátil e menos previsível do que antes", disse Liu Ligang, economista do banco ANZ.

Pesquisas na indústria de manufatura da China mostraram alguma fraqueza nos últimos meses e a economia global desacelerou no quarto trimestre do ano passado para 7,7% ante o ano anterior, em comparação com 7,8% de crescimento em relação ao trimestre anterior.

Na semana passada, o governo estabeleceu uma meta de crescimento para 2014 de "cerca de 7,5%", um valor que a maioria dos economistas acha que só pode ser alcançado com a ajuda de uma recuperação nas exportações do ritmo do ano passado, de 7,6% –ainda abaixo da meta do governo para 2013, que era de alta de 8%.


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